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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 24.03.25

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Bandeira: «Agora que penso nisso, não percebo muito bem por que razão Charlotte Rampling diz a Woody Allen, em Stardust Memories, não compreender nada do livro de Schopenhauer que vem lendo na praia. Talvez a personagem estivesse a usar de ironia. Ou talvez pensasse que filosofia é incompatível com sedução. Um pouco como a gestão de empresas, olhe os nossos gestores de topo, quão garbosamente eles juram que não entendem um quark do assunto.»

 

Helena Sacadura Cabral: «Conheci tardiamente a sua poesia. Ainda bem, porque se tivesse acontecido mais cedo muito possivelmente pouco teria apreciado. Era um poeta difícil. Obrigava a um esforço de adesão. Mas a experiência que tenho é de que essa reacção é apenas a do primeiro embate. Ao que se diz, era um homem que, por opção, vivia solitariamente. Mas a sua imaginação ia muito para além dessa solidão, como mostra a sua obra. É um poeta que muitos consideram ao nível de Pessoa. Acabou de morrer!»

 

José António Abreu: «António Costa está claramente em modo de campanha, aparecendo um pouco por todo o país. Suponho que, para além de se gerir sozinha, a Câmara de Lisboa continua a pagar-lhe o salário. Fosse Costa líder do PSD ou do CDS e estaria a ser crucificado pelas mentes bem-pensantes que infestam as televisões.»

 

José Navarro de Andrade: «Começou a contagem decrescente até que alguém se lembre da última atrocidade: enfiar Herberto Helder no Panteão. Entretanto, ó ironia do destino, os poemas que ele deliberadamente tanto resguardava vão atulhar as "redes sociais", com muito sentimento in memoriam, porque cada um crê que o meu Herberto é mais Hélder que o teu Herberto.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Dizem que o Herberto morreu. Dizem que tinha 84 anos. Dizem, porque ninguém sabia a idade dele. Dos que eles dizem que são poetas só morrem os versejadores. Oxalá não digam mais nada. E que se deixem estar em silêncio antes de dizerem (soletrarem) alguma coisa.»

 

Eu: «[Henrique Neto] é um desalinhado, o que o coloca à margem dos circuitos dominantes na comunicação social. Mesmo muitos anos depois, o PCP não costuma perdoar a quem abandonou o partido. Não deixará de contar com a hostilidade de vários socialistas, que apregoam a pluralidade de opiniões mas cultivam a unanimidade de posições.»