DELITO há dez anos
Helena Sacadura Cabral: «Há coisas que deviamos copiar. Este vídeo é um bom exemplo. Não por se tratar de uma garota, mas por ensinar que a violência, ao contrário da ternura, não conduz a lado nenhum. A minha avó dizia "é de pequenino que se torce o pepino". Eu digo que é de pequenino que se ensina a não tratal mal os outros. Pequenos e grandes. Homens e mulheres. E animais!»
José António Abreu: «Se Blank Project, de Neneh Cherry, constituiu o regresso do ano, Unrepentant Geraldines foi o melhor regresso à boa forma de 2014. (...) Em certos momentos (a meio do primeiro tema, por exemplo) Tori nem se importa de voltar a arriscar comparações com Kate Bush (outro regresso de 2014, mas aos palcos). Podia ser embaraçoso, é apenas prova de confiança.»
Luís Menezes Leitão: «A saída da Grécia, com a natural bancarrota associada, lançará um descrédito mortal sobre os outros países do Sul e sobre o euro em geral, podendo levar ao colapso definitivo da moeda. Não parece, porém, que neste momento Tsipras e Merkel se preocupem com as consequências. Cada um deles parece mais apostado em levar a água ao seu moinho. Parece que voltámos à velha política de Mao Tsé-Tung: "Há um caos total debaixo dos céus. A situação é excelente". Bom ano de 2015.»
Luís Naves: «Os partidos tradicionais têm dificuldade em lidar com formas de protesto que surgem fora do respectivo controlo, como aliás acontece na França, Espanha, Itália ou Reino Unido. Os populistas de esquerda e da direita proliferam no terreno fértil do cansaço. A ansiedade torna difícil manter as reformas económicas de inspiração liberal, cujo fracasso político é cada vez mais evidente. Assim, 2015 será porventura o ano da rebelião populista.»
Teresa Ribeiro: «Ninguém diga de si próprio que não tem espírito empreendedor, porque mais politicamente incorrecto não poderia estar a ser. Corrijo: mais político não poderia estar a ser. Porque afirmar essa incapacidade é primeiro que tudo uma declaração política. E quem o fizer arrisca-se a junto com a desconfiança e a censura dos convertidos levar o rótulo de preguiçoso, acomodado, cobardolas, piegas.»