DELITO há dez anos
Luís Naves: «O Banco de Portugal espera mais investimento, mais exportações e a renovação do saldo positivo da balança externa, o que significa que o aumento do consumo não implica endividamento insustentável. O crescimento acima do valor para a zona euro é ainda modesto e criará emprego de forma insuficiente, mas no último ano foram criados cem mil postos de trabalho (mesmo que um terço resulte de políticas activas de emprego, é um número positivo). Crescimento acima da zona euro significa convergência com o rendimento médio europeu, ou seja, uma boa medida de final da crise. Apesar de todos estes indicadores favoráveis, só vejo análises deprimentes. Os comentários nas redes sociais e na imprensa estão cheios de demagogia e tremendismo. Continua a indignação com trivialidades, como se os pessimistas que nos mandaram desistir ao longo dos últimos três anos, porque era impossível e íamos morrer todos, agora nos quisessem afogar na praia.»
Sérgio de Almeida Correia: «Se têm horror a investigar de forma competente e atempada, se a Justiça não passa de uma miragem longínqua num país de cidadãos medrosos e acomodados, se tremem perante um nome, só têm uma solução para compensar todos os portugueses honrados que trabalham para cumprir as suas obrigações: criarem um imposto sobre a parasitagem. À falta de melhores ideias para se acabar com esta pouca vergonha, sempre seria mais sério, mais justo e mais equilibrado do que a criminalização do enriquecimento ilícito com a inversão do ónus da prova.»
Eu: «Não sei o que a Rússia possa ter ganho ao anexar a Crimeia. Mas sei o que já perdeu. Está mais isolada diplomaticamente. Sofre sanções que lhe são impostas pela comunidade internacional. Vê agravar-se os problemas económicos do país, que importa 60% do que come, ao iniciar um braço-de-ferro com os países membros da União Europeia e da NATO. Arrisca-se a perder os melhores parceiros económicos, que estão precisamente na Europa Ocidental. Vê aumentar exponencialmente os focos de turbulência nas suas zonas fronteiriças - nada mais natural, pois quem semeia ventos colhe tempestades. Nem a fiel Bielorrússia se sente tranquila perante o expansionismo russo, já para não falar da China, que nunca deixou de alimentar sérias suspeições nesta matéria. E, acima de tudo, desenterra velhos fantasmas da História numa réplica anacrónica do pior da Guerra Fria. Precisamente todos aqueles fantasmas que ninguém desejaria ver desenterrados, a ocidente ou oriente dos Montes Urais.»