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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 18.12.24

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José António Abreu: «Como portuense, há anos que a TAP não representa para mim qualquer vantagem em relação a outras companhias, obrigando-me invariavelmente a fazer escala em Lisboa. Mas isto é um pormenor (ninguém me obriga a viver no segundo mundo). Podiam existir razões de fundo para manter a TAP na posse do Estado. Não há. Quase todas as companhias aéreas europeias são maioritária ou totalmente privadas. Nada obsta a que o serviço seja prestado por uma empresa privada (a privada Lufthansa até vai pegar em parte dele nos dias da greve). Pode ser (e é) uma exigência do processo de privatização que a base de operações e alguns serviços sejam mantidos em Lisboa. O que resta são interesses individuais e corporativos.»

 

Luís Menezes Leitão: «Os russos têm uma história longa e estão habituados a sofrer em guerras. Entregaram Moscovo em chamas a Napoleão, obrigando-o a recuar, e sofreram vinte milhões de mortos para resistir a Hitler. Não me parece por isso que Putin apareça com a corda ao pescoço a pedir perdão ao Ocidente e a devolver a Crimeia à Ucrânia. Mais facilmente é capaz de se lembrar de carregar no botão, que muita gente parece esquecida de que ainda funciona. Mas a verdade é que nem precisa de o fazer. Toda a gente sabe que o petróleo é um bem finito e já se atingiu o pico da exploração petrolífera. Por isso, desça o que descer agora, o preço do petróleo só pode subir no futuro. É só uma questão de saber aguentar e os russos são um povo que já demonstrou que suporta o que for preciso em defesa da sua pátria.»

 

Luís Naves: «Recomendo a leitura deste espantoso texto sobre os estranhos habitantes do terminal ultra-moderno do aeroporto de Barajas, em Madrid. (...) Nunca levantam voo, nunca chegam ao destino, pois não têm propriamente um destino. Um destes fantasmas diz receber uma pequena pensão de 300 euros, o que o dispensa de comer restos; e até usa computador portátil, navegando no sistema wi-fi do sofisticado terminal de 6200 milhões de euros, considerado espaço público. Nem todos conseguem esta camuflagem perfeita, mas os viajantes do vazio andam limpos, parecem passageiros em trânsito, escondem-se entre a multidão, passam ali os dias e as noites, protegidos do frio, sem jamais embarcarem em qualquer um dos mil voos diários. Alguns usam truques para pedir esmola, geralmente envolvendo complicações com o passaporte. Neste aeroporto, não há nenhuma vedeta de Hollywood que nos provoque simpatia especial, apenas gente incorpórea e anónima, os de nenhum lugar.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Ao escolher o caminho do "socialismo próspero e sustentável", Cuba parece querer abdicar dos modelos mais radicais que conduziram muitos cubanos à pobreza e à miséria, e opta por uma via de desenvolvimento de pequenos passos do tipo chinês.»

 

Teresa Ribeiro: «O empreendedorismo pasteleiro tem-nos surpreendido com muitas combinações improváveis. Estou a lembrar-me dos pastéis de nata com chocolate e dos gelados com sabor a pão-de-ló, só para citar alguns exemplos. Ao bolo rei já se tirou as frutas cristalizadas, já se acrescentou chocolate e recheou de doce de ovos. Mas este tem na massa um creme de castanhas que combina tão bem com o resto que sabe a receita secular. Nem dá para acreditar que tenha nascido da inspiração de um pasteleiro de Bragança há escassos anos.»

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