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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 11.12.24

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João André: «A Europa necessita de ir jogando cartas diplomáticas no que diz respeito à sua defesa. Não pode depender de uns EUA que só defenderão os europeus na medida que isso sirva os seus interesses (que são poucos, neste momento) e não creio que alguma vez será capaz de jogar a cartada MAD contra ninguém (a UE desintegrar-se-ia antes de isso ser possível). Por muito que os falcões europeus o desejem, a Europa está consignada à diplomacia e às influências económicas. E até ao momento isso ainda não resultou em nenhuma irrelevância.»

 

José António Abreu: «O corpo humano é uma coisa estranha, simultaneamente fascinante e assustadora. De uma tremenda força, física e mental; de uma absoluta fraqueza. Capaz de resistir aos maiores ataques, cedendo perante o invisível. E é verdade que, a determinada altura, cedi. Fui fraco. A partir desse momento o recuo era impossível - havíamos ido longe demais. (Quando a carne é fraca, corpo e espírito têm sofrimento assegurado.) Também já não era possível uma solução que nos deixasse incólumes. Há consequências, haverá mais.»

 

Luís Naves: «Embora seja uma boa metáfora da vida, o futebol é desprezado por alguns intelectuais. No fundo, este jogo mostra que não somos todos idênticos e que a luta pelo triunfo individual tem aspectos mais complexos do que parece. Os escritores e os filósofos deviam prestar mais atenção e os jornalistas especializados deviam perder o ar de sumo-sacerdotes discutindo as inescrutáveis altitudes celestes. Na rua, toda a gente comenta e sabe muito sobre futebol, pois toda a gente tem uma perspectiva sobre a existência humana.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Fosse agora no caso do BES, ou tivesse sido no caso do BPN, do BPP ou do BCP, esta forma acanhada e subserviente de lidar com quem tem o poder do dinheiro, que neste pequena frase se revela, é afinal a mesma que se encontra no modo como, por exemplo, jornalistas falam com presidentes de clubes de futebol ou com políticos. Bem sei que alguns, de presidentes de juntas de freguesia a presidentes de filiais de empresas, tal como antes acontecia com alguns governadores civis, ficam de "trombas" (a culpa é de Mário Soares) quando os tratam pelo nome ou pelo convencional "dr.", em vez de a eles se dirigirem pelo título do cargo que ocupam. Porém, esse será um problema deles decorrente da sua errada percepção das coisas, da sua própria falta de noção do ridículo.»

 

Eu: «Recebido com rara deferência no Parlamento, onde entrou por um acesso inusual, ao abrigo das indiscrições fotográficas, e poupado a perguntas verdadeiramente incómodas pela maioria dos deputados (destaco, como excepções, Mariana Mortágua, Miguel Tiago e Carlos Abreu Amorim), [Ricardo] Salgado continuou a comportar-se como Dono Disto Tudo. Sem nada esclarecer.»