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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 04.12.24

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João André: «José Sócrates, caso venha a ser considerado inocente (ou após uma eventual pena de prisão caso culpado), deve poder retomar uma vida normal. No clima de incitação ao ódio isso torna-se difícil. Um lado faz os possíveis para, dentro dos limites da lei, apontar Sócrates como culpado; outro faz os possíveis para, dentro dos limites da lei, dizer que existe uma cabala (seja para culpabilizar Sócrates, seja para safar este governo).»

 

José António Abreu: «A prisão de José Sócrates, do amigo e do motorista está felizmente a destruir várias ideias-feitas. Por exemplo: que um político de topo nunca seria preso; que valores como a amizade estão hoje mais fracos do que no passado; que empregadores e funcionários já não se protegem mutuamente; que a única opção para uma pessoa com rendimentos moderados usufruir de motorista é apanhar um táxi; que enviar dinheiro entre países é uma operação impessoal, implicando não mais de um par de minutos diante de um computador (...); que um animal feroz definha em cativeiro; que já não se escrevem cartas (hoje saiu mais uma); que a televisão permite chegar a audiências muito superiores à palavra escrita. Honestamente: obrigado, pá..»

 

José Gomes André: «Nas últimas semanas tenho estado a escrever um artigo particularmente espinhoso. Tarefa entusiasmante, mas por vezes monótona e fatigante. Várias vezes pensei como seria quando terminasse: como festejaria a última frase, a última correcção, o envio do texto. Imaginei desde um cenário de euforia contida (que envolveria um copo de Martini e o último quarteto de cordas de Beethoven) até um festejo desmedido (que podia passar por uma noite bem regada). Terminei hoje. Escrevi a última frase, fiz a última correcção, enviei o texto. Não senti nada. Talvez um bocadinho de sono. E fome.»

 

Luís Naves: «Os Estados Unidos mandam no petróleo e mandam no mundo. Para mais, não faz sentido falar em espiral deflacionária numa economia que cresce a ritmo de 3% ao ano, sem vestígios de abrandamento. Alguns países europeus têm de facto preços em queda e economia estagnada ou em contracção, mas a redução da factura de importação de petróleo constitui para cada um deles uma evidente vantagem temporária. Portugal, por exemplo, a crescer pouco, tem aqui uma excelente notícia, pois o petróleo barato aumenta a taxa de crescimento e reduz o custo das importações.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Ainda o mandato deste Governo não chegou ao fim e a RTP voltou a ser notícia pelas piores razões. Os melhores gestores viram o seu plano estratégico chumbado por duas vezes. Alberto da Ponte dizia há dias que não se demitia e que estava a defender os interesses da empresa. O ministro que substituiu Miguel Relvas na tutela da empresa veio acusar o gestor de "falta de lealdade". Um mimo "irrevogável".»

 

Eu: «Que sociedade estamos a criar? Que valores andamos a incutir aos nossos filhos? De que Europa ainda falamos quando aludimos a padrões civilizacionais? Até onde nos conduzirá este caminho que trilhamos de absoluto desprezo por tudo aquilo que ao longo dos milénios foi distinguindo o homo sapiens da primitiva besta humana?»

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