DELITO há dez anos
José António Abreu: «Não sejas assim. Quantas vezes já aconteceu? Uma. Outra. Depois outra. E outra. E ainda outra. E mais outra. Não aprendes. És incapaz de aprender. Estás fora do tempo. Olha o Twitter. 140 caracteres. Nem mais um. Olha as sms. Frases curtas. Palavras abreviadas. Toda a gente lê até ao fim. E percebe. Excepto os velhos do Restelo. A esses as abreviaturas confundem-nos. Resmungam. Protestam. Dizem que o mundo está perdido. k patético. Mas pronto. São poucos. Vão morrendo. Se queres relevância, usa frases curtas. Sem vírgulas. De preferência. Fundamental é que sejam curtas. Arranja poder de síntese. Ideias também curtas, se necessário. Não te será difícil. Já o fazes com regularidade.»
Luís Menezes Leitão: «A independência da Catalunha contraria a constituição espanhola? Claro que sim. Assim como a independência do Brasil contrariava a constituição portuguesa de 1822 e a dos PALOP a constituição portuguesa de 1933 que declaravam esses países como território português. A Constituição espanhola declara a indissolúvel unidade da Nação espanhola (art. 2º) e até obriga todos os espanhóis a saber castelhano (art. 3º). Podem é os catalães querer deixar de ser espanhóis e tratar o castelhano como a língua estrangeira que para eles é.»
Luís Naves: «Isto leva-nos ao argumento de que Espanha-fraca é bom para Portugal e Espanha-forte é mau. A ideia não tem sustentação: Espanha-fraca sempre foi mau para Portugal, isso é claro; e, no novo ambiente europeu, Espanha-forte é favorável, pois representa mercado para os produtos portugueses, investimento e emprego, sem implicar qualquer ameaça de anexação. Conclusão óbvia: a independência catalã seria objectivamente má para Portugal, pois afectava a economia espanhola, da qual dependemos.»