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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 05.11.24

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Francisca Prieto: «Rita Prieto, do alto dos seus sete anitos, resolve com toda a limpeza o velho conflito ideológico da origem da humanidade: “Olha mãe, sabes quem foram os primeiros seres vivos do planeta, sabes? Adão, Eva e os macacos.” É o que dá ter uma filha num colégio católico com irmãos que discutem as teorias de Darwin.»

 

João André: «Foram ontem escolhidos os 435 membros da Câmara dos Representantes, 36 lugares no Senado e vários governadores. Os Republicanos venceram em toda a linha, conquistando o Senado e uma claríssima maioria na câmara baixa. Não podemos falar em surpresa. As intercalares são habitualmente “eleições de protesto”, que penalizam o partido afecto à Presidência, e estas não foram excepção. Acresce que a maioria das disputas mais renhidas decorreu em Estados conservadores e que muitos dos Democratas agora em risco beneficiaram do “efeito Obama” em 2008 para conseguirem uma então improvável vitória.»

 

Luís Naves: «“Para que serve a União Europeia?”, perguntou a minha mulher imaginária, antes de explicar que a roupa não tinha tamanhos normalizados, as calças 44 eram diferentes das homólogas alemãs. Sem ter resposta lógica, saí da loja (chamem-lhe divórcio) caminhei pela rua Augusta e vi um homem estátua, a fazer de conquistador mongol. Subi ao pedestal e fiquei ali um pouco, sem pensar: de vez em quando, mudava de expressão e fazia cara de mau para os turistas, que achavam graça e deixavam uma moeda numa caixa de cartão que se abria mais abaixo. Pelo ar, pairava o cheiro a castanhas assadas. Cansei-me depressa e continuei o caminho, se é que tinha algum. Logo ao fim da rua, cruzei-me com uma pessoa conhecida e o tipo desviou a vista, para não ter de falar comigo. Senti-me um intruso na vida dos outros, senti-me embaraçoso.»

 

Teresa Ribeiro: «Os médicos, que detestam que um doente se queixe dos efeitos secundários do que receitam, guiam-se pela estatística: se a maioria dos seus doentes metabolizam bem o medicamento X, é porque esse medicamento não faz mal. E se a bula refere efeitos secundários não interessa nada, porque o que vem lá, argumentam, não é necessariamente verdade. Não é? Ou continuamos no universo da estatística?»

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