DELITO há dez anos
L. Rodrigues: «Os aumentos de produtividade que as novas tecnologias proporcionam servem apenas para tornar redundante uma grande parte da população, em vez de servir para com uma melhor distribuição dos seus proventos, dirigir as economias mais avançadas para um modelo de sociedade com mais tempo para a criatividade, o lazer, a família, etc. O futuro poderá dizer que esta foi uma época de extraordinária mudança, isso concordo, mas apenas se este contra-movimento de regresso a uma espécie de feudalismo for atempadamente parado.»
Luís Naves: «O fracasso do liberalismo implica o avanço dos populistas em todos os países, da Frente Nacional ao UKIP, da Alternativa para a Alemanha ao Syriza grego. Em Portugal, teremos provavelmente o partido republicano de Marinho e Pinto. Todos eles concentram o discurso em pequenas causas e franjas do eleitorado. Todos eles constituem uma ameaça ao Tratado Orçamental e à zona euro. Se não querem acabar com a Europa, todos querem, no mínimo, acabar com a Europa que existe. A crise financeira deu origem a uma crise política global e esta alimenta-se de formas de descontentamento que, não sendo iguais em todo o lado, parecem anunciar um longo Inverno.»