DELITO há dez anos
Luís Menezes Leitão: «Para uma pessoa séria, a sua palavra vale mais que dinheiro no banco. Para os políticos, no entanto, a sua palavra de nada vale, e aceitam mesmo fazer tristes figuras em público para renegar essa palavra. É assim que os mesmos deputados do PS que apresentaram um projecto de reforma do sistema político, porque António José Seguro o decidiu, são capazes de o retirar porque António Costa pediu. Bem fez por isso António José Seguro em abandonar este parlamento, onde de facto não estaria a fazer nada.»
Luís Naves: «Tive o privilégio de conhecer Fernando de Sousa, que faleceu em Milão, aos 65 anos. Guardo dele uma imagem de serenidade, de competência e simpatia. Era um jornalista cheio de confiança e boa disposição, com larga experiência, que incluía rádio, televisão e imprensa, sendo bastante raro encontrarmos alguém que faça bem as três coisas. Na televisão, funcionava segundo a escola da BBC. Na imprensa, o Fernando era um dos melhores exemplos da escola do DN, tradição obcecada pelo rigor e a precisão dos factos, distanciamento emocional, poupança de adjectivos e frases sem ornamentação. Ele era também um dos jornalistas portugueses com mais conhecimento sobre União Europeia, um labirinto onde ele se movia com enorme habilidade e onde é tarefa difícil conseguir transformar o importante no interessante. O Fernando era um mestre a descodificar a complexidade: morreu a fazer o seu trabalho, a dar notícias objectivas, que todos compreendiam, rigoroso até ao fim, um senhor.»
Sérgio de Almeida Correia: «Se pode ser estabelecido um paralelo entre este caso e o BPN, para lá da inenarrável actuação do supervisor, ele encontrar-se-á na forma como em ambos os casos se assumiram riscos iludindo a opinião pública sobre os custos inerentes. Sem frontalidade, sem transparência, fazendo dos outros tolos. A começar pelo Presidente da República.»
Eu: «Encontra-se lá de tudo um pouco: desde a donzela que garante aos quatro ventos ser incapaz de auxiliar um ser humano com doença contagiosa ("porque tenho animais e não os ia sujeitar a isso") até aos apologistas do suicídio obrigatório e compulsivo. Passando por alguém que assegura: "Tenho uma cadela e posso dizer-lhe que gosto mais dela [do] que [de] muita gente até da minha família!" E pelo fulano que grita: "Eutanasiemos o indivíduo." Espero ao menos que tenha sido vacinado contra a raiva...»