DELITO há dez anos
José António Abreu: «Por motivos que não vêm ao caso, tenho seguido pouco a campanha interna do Partido Socialista. Indesculpável, eu sei, quaisquer que sejam os tais motivos, decorrendo ela desde tempos quase pré-pós-troika e, considerando a qualidade dos intervenientes principais (ou pelo menos de um deles, génio indiscutível, messias sem túnica), estando ela certamente repleta de ideias inovadoras que farão Portugal crescer a seis ou sete por cento ao ano, de modo a, talvez logo no orçamento de 2016, poderem reverter-se as políticas do governo actual e evitarem-se mudanças tão tenebrosas quanto a privatização de empresas públicas e a reforma da Segurança Social.»
Luís Naves: «O pessimismo não é um exclusivo nacional, mas assenta numa consciência ancorada na cultura contemporânea. Imaginem um romance onde o autor decide casar toda a gente e são todos felizes para o resto da vida. Um livro deste tipo dificilmente veria a luz do dia, pois o editor acharia tanto optimismo um perfeito disparate. Se, passando entre as gotas da chuva, chegasse às livrarias, a história seria ridicularizada. Enfim, isto não se aplica a paródias, havendo ainda outras excepções, mas o ponto é o seguinte: já não há finais felizes.»
Patrícia Reis: «Dois. Duas latas. Dois nomes. Dois. O que une também é o que os separa. Ser filho. Ser irmão. Nada é fácil, pois não?»
Sérgio de Almeida Correia: «Um tipo farta-se de trabalhar, ganha dois congressos, consegue ter o derrotado do último congresso em que houve luta ao seu lado, corre o país, faz trinta por uma linha, e ao fim de três anos é só chatices. Não só não se livrou da "tralha socrática" como agora ainda tem de andar a fugir dela.»