DELITO há dez anos
Helena Sacadura Cabral: «O texto que se segue é um excerto do editorial de Matthieu Croissandeau a propósito o novo ministro da Economia francês Emmanuel Macron e publicado no ultimo Nouvel Observateur. A tradução minha é muito livre, mas é suficiente para entender que para uma certa esquerda um jovem enarca, filósofo e banqueiro tem que ser forçosamente alguém de muito suspeito.»
José Maria Gui Pimentel: «My China Kanfa é um blogue em que Francis Fontenot partilha informalmente as suas vivências diárias de uma experiência incomum: viver na China continental, casado com uma mulher local. Esta particularidade dá-lhe acesso diário ao lado mais exclusivo de qualquer sociedade: a vida familiar. E são muitos os episódios relatados, que oscilam entre o lado caricatural das práticas entre-portas e do papel dos sogros, e a sua experiência in loco da sociedade civil do país. Vale bem a visita.»
Luís Menezes Leitão: «Se há coisa que é típica dos portugueses é a facilidade com que aceitam a continuação de situações pantanosas. Depois de ter apresentado uma selecção de coxos no Mundial do Brasil, Paulo Bento deveria ter sido sumariamente despedido. Foi o que o Brasil fez a Scolari, que conseguiu resultados muito melhores no Mundial. Mas a irreformável Federação Portuguesa de Futebol decretou a sua continuidade, com os resultados que estão à vista. Depois do que se passou hoje Paulo Bento não tem outra alternativa que não seja ir-se embora. E de caminho pode levar com ele os que o apoiam na FPF.»
Luís Naves: «A ligeireza tomou conta da paisagem mediática. Estamos rodeados de falsas narrativas e de omissões, vemos a hipocrisia geral dos que governam e dos que querem governar, assistimos impávidos às distorções da comunicação social transformada em espectáculo e ao radicalismo marciano dos partidos da oposição. A responsabilidade está em declínio, triunfa o oportunismo e a táctica. As elites portuguesas afundaram o país e vivem uma crise sem precedentes, mas para essas elites, sobretudo as políticas, é difícil compreender que o povo deixou de confiar nelas.»
Sérgio de Almeida Correia: «O que devia ser dito aos portugueseses pela Administração do Novo Banco, pelo Banco de Portugal ou pela ministra das Finanças é esclarecido pelo "companheiro" Marques Mendes no seu tempo de antena na SIC.»
Eu: «Romancista de transição entre a literatura oitocentista (que em regra atribuía a narração a um observador omnisciente) e a estética modernista (que privilegiava um olhar subjectivo, e necessariamente incompleto, a partir das características psicológicas das personagens), Conrad introduz aqui [O Coração das Trevas] duas inovações que ajudam a explicar o magnetismo desta novela tão singular e enigmática: por um lado, a história vai-se desenrolando em fragmentos de uma narrativa dentro de outra narrativa, tornando-se cada vez mais densa e fantasmática; por outro lado, o protagonista prima pela ausência durante quase toda a obra e só nos é desvendado através do testemunho de terceiros até às últimas páginas, quando finalmente escutamos a sua voz.»