DELITO há dez anos
Luís Naves: «Para muitos autores, o mundo contemporâneo está em declínio, por ter perdido os seus valores e por se basear no insaciável apetite das classes dominantes. O culto do eu leva ao caos social e condena a sociedade à decadência. Há quem defenda a necessidade do regresso à tradição e, quanto maior o choque com a realidade exterior, mais estes movimentos se encolhem na concha dos respectivos fundamentos ideológicos. As críticas à modernidade podem vir de religiões ou de movimentos anti-capitalistas, mas convergem na ideia de que o mundo está à beira de uma transformação inevitável e que essa transformação nos conduz a algo de fundamental. Existe sempre ali a ideia do regresso a um passado idealizado.»
Teresa Ribeiro: «Apanhei mudança de turno, de modo que comecei a consulta com uma médica e acabei-a, já depois de feitos os exames, com outra. A primeira mandou-me fazer um novo raio x. Apeteceu-me objectar, mas a minha experiência diz-me que não adianta contestar os actos clínicos, porque nunca levamos a melhor, de modo que não levantei ondas. A segunda, comentou: a minha colega pediu um raio x, só que um raio x é inútil nestes casos.»
Eu: «Recapitulemos: decorre um conflito armado entre a Ucrânia e a Rússia por interpostos rebeldes separatistas, um autoproclamado Estado Islâmico promove massacres étnicos e religiosos no Iraque, África sobressalta-se com a epidemia do ébola e Eduardo Campos, candidato à presidência do Brasil, morre num acidente aéreo em plena campanha eleitoral. A imprensa, à escala mundial, deu destaque a tudo isto. Nada a ver com silly season. Nada mesmo.»