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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 12.08.24

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José António Abreu: «A rapariga, provavelmente ainda adolescente, caminha pelo passeio na minha direcção. É bonita mas pesa no mínimo vinte quilos mais do que as normas estéticas em vigor recomendariam. Veste uma blusa roxa com duas palavras escritas na zona do peito, em letras formadas por pontos brilhantes: Love Sucks. Sei que a adolescência é um período complicado para toda a gente mas, enquanto passamos um pelo outro, não consigo evitar perguntar-me se, pesando menos os tais vinte quilos, ela a teria comprado. Tão cedo.»

 

Luís Naves: «Visto a partir da segurança do extremo ocidental da Europa, o Médio Oriente parece uma zona de desastre e colapso. A tragédia em Gaza é quase inexplicável: os habitantes daquele território vivem como autênticos prisioneiros num campo de concentração; as poucas indústrias foram destruídas, não há água ou electricidade, a reconstrução será inútil, centenas de milhares perderam a casa ou ficaram traumatizados. Em cada novo espancamento, Gaza radicaliza-se um pouco mais. Aliás, a radicalização dos perdedores ajuda talvez a explicar a insanidade do Estado Islâmico do Iraque e Síria. Esta organização fez milhões de pessoas recuar um milénio, conquistou um território assinalável e combate todas as outras forças da região.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Com o Ministério das Finanças e o Banco de Portugal em silêncio, sabe-se lá porquê, com o Presidente da República ainda a pensar como vai justificar a actuação do supervisor depois das infelizes declarações que fez, e perante a catadupa de notícias sobre a actuação do Banco de Portugal, o empréstimo (a fundo perdido?) ao cair do pano que a SIC confirmou, a acta dada a conhecer por um escritório de advogados e os accionistas que se livraram do mau papel mesmo em cima do acontecimento, estou admirado com a ausência de Nuno Melo. Só com Marques Mendes a explicar as coisas os portugueses ficam sem o contraditório. Logo agora é que nos havia de acontecer uma coisa destas.»

 

Eu: «Há qualquer coisa que me escapa nestes cifrões do futebol. E que não augura nada de bom enquanto vemos milionários oriundos de paragens longínquas tomar posse de históricos clubes europeus e empresários especializados em olear circuitos de transferências de profissionais do futebol engordarem cada vez mais as respectivas contas bancárias. Os tentáculos desse gigantesco polvo em que se tornou o futebol-negócio vão-se ampliando na proporção inversa da dimensão hoje reservada ao futebol-desporto, confinando-a a uma memória cada vez mais difusa de tempos passados. Há aqui uma enorme borbulha em potência que, quando estoirar, não deixará de provocar muitas vítimas inocentes.»