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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 11.08.24

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Helena Sacadura Cabral: «Ontem fui ver o filme O Homem Mais Procurado, cujo título original, A Most Wanted Man, por uma vez, não se afasta da tradução. Trata-se de uma adaptação ao cinema do livro de espionagem do escritor John Le Carré, autor que muito aprecio e que tem como protagonistas Philip Seymour Hoffmann e Rachel McAdams. Hoffman, que se suicidou há uns meses tem, como sempre, uma interpretação excelente. Nos secundários Willem Dafoe é dos meus preferidos também.»

 

Luís Naves: «As elites deixaram de ler romances, que eram escritos por membros das classes altas. A literatura foi extremamente popular entre as pessoas influentes dos dois séculos anteriores, tema de conversa nos salões da aristocracia e, depois, nas festas dos burgueses da revolução industrial. O desconhecimento das novidades castigava-se com sarcasmo e a ignorância dos clássicos era impensável. Isto já não é assim e os escritores, que no passado tinham certa fama, pelo menos na sua cidade, estão agora inteiramente proletarizados. A literatura perdeu a aura intelectual que possuía, deixando de ser um farol das consciências. O mesmo é válido para pintores, violinistas ou maestros: o impacto social dos artistas é hoje tanto maior quanto mais se massificou a arte.»

 

Teresa Ribeiro: «O inspector tinha um animal de estimação fora do comum. Qual era?»

 

Eu: «O que havemos de esperar deste admirável mundo novo que troca o ser humano pelo ecrã digital? Sentimentos mecanizados. Emoções virtuais. Distância maquinal. Tudo se acende com um clique para se apagar logo depois, à mercê de outro clique. Num mundo assim, a única atitude rebelde é estar off line. Olhar nos olhos, falar de viva voz, tocar como se costumava fazer há anos, antes de o virtual se apossar do real e as paixões andarem diluídas de tecla em tecla.»