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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 09.08.24

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Helena Sacadura Cabral: «Dolores Aveiro é muito mais do que a mãe de Cristiano Ronaldo e merece que se fale dela. Há dois dias, ouvi a entrevista que Júlia Pinheiro lhe fez a propósito de um livro lançado sobre a sua vida. Confesso que, ao arrepio dos elitistas cá do burgo, a senhora me enterneceu. Directa, sem papas na língua, nem poses de "lady com dinheiro", falou deste e das transformações que o mesmo trouxe ao seu quotidiano que, no passado, não foi um caminho de rosas.»

 

João André: «Um mês mais tarde, volto ao momento do último mundial de futebol que mais perdurará na memória colectiva. Daqui por 4 anos estaremos a perguntar se alguém repetirá aquele resultado. Daqui por 8 anos perguntar-nos-emos se a dor terá diminuído. Daqui por 16 anos falaremos no jogo que trará a vingança. Daqui por 32 escrever-se-á, no momento da final, que é o momento de exorcisar a memória, a dor e a humilhação.»

 

Luís Naves: «O cinema é um exercício da indústria, como o fabrico de um automóvel, mas que recorre a capital de risco; complexo, sem dúvida, com exigências estéticas e técnicas, mas que sai de uma fábrica. Hollywood matou tudo o resto. A pintura é efémera e a música aproximou-se da complexidade, já suficientemente incompreensível para que possa em breve ser feita por computadores. Ninguém dará pela diferença. A arte tem medo do risco, dispersa-se na vastidão dos pequenos eventos, na diversidade das experiências humanas e da linguagem, submete-se ao poder dos negócios, da moda e do falso exótico, reflectindo uma sociedade que declina para a irrelevância.»

 

Teresa Ribeiro: «Os embrulhos eram iguais, daí a troca. A tia, claro, não lhe perdoou. Consegue situar esta história?»

 

Eu: «O que leva um pacato burguês de meia idade a largar família, emprego, cidade e país natal para se aventurar numa existência errante em Paris, à margem de todas as convenções sociais? O que leva um indivíduo sem história, homem cinzento com uma vida cinzenta, a tornar-se notícia de primeira página e a ser procurado por dezenas de polícias? Eis o ponto de partida do mais fascinante romance de Georges Simenon, O Homem que Via Passar os Comboios