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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 07.08.24

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Luís Menezes Leitão: «Se o Fundo de Resolução reclamar dos restantes bancos o dinheiro que o Estado meteu no BES, a banca pura e simplesmente afunda. E depois da experiência do BES nenhum investidor vai querer apostar um cêntimo que seja em acções dos bancos portugueses. Na verdade, se há coisa que o país não pode fazer é pôr-se a experimentar soluções ainda não implementadas e que não têm condições para o ser na presente fase. Um Fundo de Resolução capitalizado, pronto a acudir ao salvamento dos Bancos, é capaz de ser uma boa ideia. Um Fundo de Resolução sem fundos, que precisa de pedir dinheiro emprestado ao Estado, e que ele diz que vai pedir depois à restante banca, não passa de uma anedota.»

 

Luís Naves: «Este espírito das redes sociais alastrou ao jornalismo dito de referência e dá trabalho remar contra a maré das opiniões pré-fabricadas e dos freios intelectuais. Em Portugal, tornou-se quase impossível dizer que a situação do País não é tão desesperada como a pintam. Nas redes sociais, essa afirmação implica insultos imediatos, leituras enviesadas e a reputação destruída. Muitos autores não estão para isso e desistem, pelo que se agrava a tendência para certa limitação à liberdade de expressão, que alguns parecem aceitar sem problemas.»

 

Eu: «Durante oito meses, circularam nas televisões e nos jornais as teses mais desencontradas e mirabolantes sobre o chamado "caso do Meco", que custou a vida a seis jovens universitários numa trágica madrugada de Dezembro. A opinião pública foi bombardeada com teorias e supostas verdades propagadas por quem se pôs a adivinhar e viu nesses palpites uma excelente forma de ganhar audiências e vender papel. Faltava escutar a única voz autorizada para falar sobre o que se passou. João Gouveia, o solitário sobrevivente, fala enfim.»