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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 04.08.24

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Ana Vidal: «Do século XXI ao paleolítico inferior, sem passar pela casa da partida. Foi para isto que evoluímos?»

 

Luís Menezes Leitão: «O que foi anunciado ontem pelo Governador do Banco de Portugal, com o Primeiro-Ministro a banhos, constitui um verdadeiro filme de terror para toda a gente. À semelhança de 3 de Agosto de 1968, data em que Salazar caiu da cadeira, 3 de Agosto de 2014 pode muito bem ser o começo do dobre a finados do actual regime. Em primeiro lugar, parece absurdo considerar que os contribuintes não irão ser afectados por esta história. Na verdade, o tal Fundo de Resolução, que substituiria o Estado na recapitalização do Banco, não chega a ter 200 milhões de euros, pelo que só pedindo emprestado o dinheiro da troika se vai conseguir (re)capitalizar o banco bom em 4900 milhões. Dizem agora que depois pedirão o dinheiro aos restantes bancos, quer sob empréstimo, quer sob contribuição para o Fundo. Só que não acredito que haja quaisquer empréstimos e se o Fundo pedir o dinheiro aos restantes bancos arrisca-se a ter que os recapitalizar a seguir. Isto vai ser um círculo vicioso, que no fim o contribuinte acabará por pagar.»

 

Luís Naves: «Havia três possibilidades: o BES falia e verificavam-se perdas monstruosas; alguém generoso comprava o banco; ou era aplicado um resgate. Sendo impossíveis as duas primeiras, o País foi conduzido para a terceira hipótese e, pela primeira vez, as novas regras europeias foram usadas no salvamento de uma instituição financeira. Este é o aspecto que mais me espanta nos comentários que tenho lido e ouvido sobre o caso BES e o aparecimento do Novo Banco: os analistas evitam referir que a solução aplicada é europeia e o dinheiro vem da troika; que foi tudo negociado com a Europa, com apoio do BCE, onde o Banco de Portugal tem assento; que o dinheiro é um empréstimo temporário e remunerado; que a forma deste resgate estava escrita numa lei europeia em vigor.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Passos Coelho tinha dito que o Estado não seria obrigado a salvar o BES. Que não haveria dinheiro dos contribuintes lá metido, que seriam os privados a arcar com os prejuízos. Concluí, ingenuamente, que seriam os "capitalistas" a resolver o problema. Mas o que se vê, ao contrário do que foi afirmado e da mensagem que o governador Carlos Costa quis passar, é que estamos perante uma nacionalização encapotada do BES. Ainda que temporária será paga com o dinheiro que não saiu do bolso dos seus accionistas, que não saiu do bolso dos privados e cujos custos serão pagos, uma vez mais, pouco ou muito, com juros ou sem juros, por todos.»

 

Eu: «A União Europeia, um projecto visionário, está a ser confrontada com as suas contradições. Por toda a parte despontam ancestrais ódios étnicos e seculares disputas fronteiriças que pareciam adormecidas voltam à tona. O nacionalismo tornou-se moeda corrente. Países que eram referência absoluta de progresso, como a Dinamarca, voltam a fechar as fronteiras enquanto os partidos xenófobos ganham terreno eleitoral em cidades tão cosmopolitas como Londres, Helsínquia, Amesterdão, Viena e Marselha.»