DELITO há dez anos
Fernando Sousa: «A fase 1 da Guiné Equatorial acabou, vamos à fase 2: a CPLP deve expulsar o novo membro para evitar transformar-se num gang. Os motivos são os mesmos por que não deveria ter sido aceite e mais este aqui, acabadinho de me chegar: http://www.diariorombe.es/obiang-nguema-quien-quiere-perder-a-un-miembro-de-su-familia-sin-ninguna-razon/. Mas podem ver melhor aqui sem filtros: http://coupdegueuledesamuel.blogspot.pt/. Está em castelhano e francês, claro. Numa tradução livre para português poderia ficar assim: “Então, ó papalvos, vocês acham mesmo que eu ia acabar com a pena de morte? Mas que tansos!”.»
Luís Menezes Leitão: «Para muita gente o país arranjou uma nova causa nacional, que considera até semelhante à da independência de Timor-Leste: correr com o Sr. Obiang da CPLP. O sr. Obiang é evidentemente um patife e não pode ser admitido numa comunidade de países que até agora sempre prezou a democracia, o estado de direito e a boa governação. Trata-se de países que sempre foram geridos por grandes democratas, absolutamente insuspeitos de ceder à corrupção, palavra aliás que nem deve sequer ser portuguesa. Efectivamente, a CPLP era até agora uma comunidade de missionários desinteressados, apenas preocupados com o desenvolvimento da língua portuguesa no mundo, embalada no doce acordo ortográfico. E nessa comunidade todos os outros países se vergavam à sábia e prudente orientação de Portugal, que nunca se atreveram a pôr em causa.»
Eu: «Considero que a língua portuguesa, falada por 250 milhões de pessoas em quatro continentes, é suficientemente importante para servir de base a um projecto transnacional. Travestir a CPLP de "comunidade de interesses", em nome do pragmatismo mais rasteiro, é desvalorizar todo o potencial congregador da cultura, também no plano económico. E é sobretudo descaracterizar de forma irremediável a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Abri-la a um país onde não se fala português, apenas porque esse país é hoje um dos principais produtores de petróleo do continente africano, é um precedente que nos levará, num futuro próximo, a franquear as portas da CPLP à Venezuela ou à Rússia ou à Arábia Saudita.»