DELITO há dez anos
Luís Menezes Leitão: «Não tenho dúvidas de que, se Putin for colocado entre a espada e a parede, terá que optar pela espada. É por isso que me parece que nesta história das sanções à Rússia, os dirigentes europeus estão a brincar com o fogo. A guerra não irá assim ser fria. Quem vai ter frio será o norte da Europa, quando falhar o abastecimento do gás russo. Já a guerra será muito quente. No fundo 2014 está a replicar 1914. Sem que ninguém se aperceba, andam todos a preparar o apocalipse.»
Sérgio de Almeida Correia: «A CPLP morreu pela mão de Cavaco Silva e Passos Coelho para que alguns possam fazer os seus negócios com os torcionários de Malabo, como antes já faziam com a Indonésia de Suharto. Felizmente que os povos dos países que compõem a CPLP, as suas ainda incipientes sociedades civis e o seu sentido da História não nos confundem, a nós portugueses, com aquele trio de moribundos políticos que foi a Díli fazer figura de capacho.»
Eu: «Na década de 50, quando o mundo ocidental acreditava sem fissuras no dogma do progresso, um obscuro crítico literário italiano, figura taciturna e solitária, escreveu uma fascinante apologia da imobilidade que chocou os meios editoriais da época. De tal maneira que as duas principais editoras, a Einaudi e a Mondadori, devolveram o manuscrito à procedência, recusando imprimi-lo. Uma decisão de que mais tarde se arrependeriam: editado enfim por Giorgio Bassani na Feltrinelli, em 1958, O Leopardo viria a transformar-se num dos mais influentes romances do século XX apesar de remar contra a corrente. Ou precisamente por causa disso.»