DELITO há dez anos
Helena Sacadura Cabral: «Deixar o lombo recheado e temperado de véspera. Com o auxilio de uma faca introduzir a farinheira previamente desfeita dentro do lombo. Preparar a marinada com o vinho, sal, pimenta, pimentão, a cebola, o alho às rodelas e um fio de azeite. Colocar o lombo na dita marinada e deixa- de um dia para o outro. No dia seguinte colocar o lombo na panela de pressão e juntar a marinada. Deixar em lume brando cerca de 30 minutos, a partir do momento que ganhe pressão.»
João André: «O jogo para atribuição dos 3º e 4º lugares (JATEQL) é um aspecto curioso dos mundiais. Existirá provavelmente apenas para "encher chouriços", vender mais uns bilhetes e aumentar o custo dos direitos televisivos. Nalguns países chamam-lhe "jogo de consolação", noutros "pequena final". Regra geral as equipas que o jogam têm muito pouca vontade de o fazer. Depois de perderem 7-1 (Brasil) ou nos penaltis (Holanda), acredito que haja pouca vontade de adiar as férias.»
José Maria Gui Pimentel: «São já, creio, uma dezena de anos, os últimos com Xana Alves ao lado, que Fernando Alvim leva ao microfone deste programa difícil de definir: um híbrido, metade talk show radiofónico, metade opinião pública, metade (como diria o Outro) programa de comédia. É um formato pouco ortodoxo, com poucas regras e pouco planeamento, o que gera resultados mistos. Muitas vezes, a desenvergonhada falta de preparação do locutor que cria angústia no ouvinte por não serem colocadas questões que conduzissem a entrevista num sentido muito mais interessante (pelo contrário, a entrevista tende a fluir livremente, perdendo-se muitas vezes em pormenores desnecessários). Noutras vezes, todavia, essa espontaneidade tem o mérito de, por um lado, não condicionar o entrevistado e, por outro, dar lugar a momentos improváveis e hilariantes, que seriam completamente impossíveis num programa mais sério. E mais: é essa espontaneidade que permite que um programa com estas características, quase diário, continue fresco e imprevisível.»
Luís Naves: «Radnoti tinha 35 anos e cometera dois crimes: era judeu e escrevinhava coisas. Este momento em que antecipa a própria morte não tem sentimentalismo nem puxa à piedade do leitor. Aliás, os sobreviventes do Holocausto tiveram sempre dificuldade em explicar esta sensação de vazio e a resignação da vítima, como se as lágrimas fossem um estorvo que dificultava ainda mais a explicação do inexplicável.»
Sérgio de Almeida Correia: «Agora que troika "se foi embora", o programa de ajustamento foi concluído com êxito, a situação estabilizou e os encómios ao primeiro-ministro não cessam, vem à tona o laranjal de sucessos que já motiva pedidos de explicações do deputado Luís Menezes (PSD).»
Teresa Ribeiro: «Os arautos da nova psicologia, que criticam a lamúria e exortam os portugueses a ser pro-activos e a dar a volta por cima, são os mesmos que contestam o inconformismo de quem anda a ver a vida a andar para trás. Comparando os níveis de desenvolvimento actuais com os dos tempos dos nossos avós, lembram a este povo mimado que nunca viveu tão bem como agora.»
Eu: «Os eleitores não estão só cansados com o comportamento dos partidos de governo (e englobo aqui também o PS, partido de governo): deploram também uma certa maneira de fazer oposição protagonizada pelo comunistas, que jamais conseguiram vencer uma eleição a nível nacional e persistem em ser apenas uma força de protesto inconsequente. Exigem que tudo mude para que tudo fique na mesma, como o Príncipe de Salina. Já deixaram há muito de ser revolucionários. Ficaram a meio caminho. Fazendo de conta que o são.»