DELITO há dez anos
Francisca Prieto: «"I used to love her, then I had to kill her", by Guns & Roses. Ou "I used to love, then I had Tequilla", pelo meu amigo Bernardo.»
João André: «Pequena conversa durante o almoço sobre futebol e sistematização do trabalho (isto a propósito do patrocínio da empresa onde trabalho a um clube alemão).»
José Maria Gui Pimentel: «Este é um videocast, isto é, um podcast em vídeo. Como o nome indica, são clips (curtos) de espectáculos stand-up de comediantes associados à Comedy Central. O joio não está muito bem separado do trigo, para além de que é um tipo de comédia muito específico, mas foi através deste podcast que descobri, por exemplo, John Oliver, que recentemente teve este momento brilhante a propósito do Mundial 2014.»
Luís Menezes Leitão: «O filme Locke, de Steven Knight, constitui uma verdadeira obra-prima, especialmente devido à magistral interpretação de Tom Hardy que literalmente transporta sozinho o filme. A técnica é antiga e já foi explorada em outros filmes como o magistral Três minutos de vida (Sorry, wrong number, 1948), de Anatole Litvak, com Barbara Stanwyck, ou o mais recente Cabine Telefónica (Phone Booth, 2002), de Joel Schumacher, com Colin Farrel. Tudo se passa ao telefone, objecto que ironicamente permite ao seu utilizador tentar controlar situações à distância, mas que ao mesmo tempo o aprisiona, pois não lhe permite largá-lo enquanto a acção decorre, podendo assistir impotente a verdadeiros dramas do outro lado do fio.»
Sérgio de Almeida Correia: «Quatro anos depois de ter chegado a Paris, o grande mestre do impressionismo Claude Monet pintou La Rue de Montorgueil à Paris, Fête du 30 Juin de 1878. "Aqui, o ponto de vista e a técnica adoptados pelo pintor são notáveis. No eixo da rua e em altura, representa a totalidade do espectáculo. O alinhamento das fachadas e das bandeiras cria uma perspectiva que guia o olhar ao longe. Para representar a multidão, o céu ou as bandeiras, o pintor aplica sobre a tela diversas pequenas pinceladas de cor. Não existe qualquer linha a formar os contornos ou os detalhes. De perto, tudo parece desintegrado. Mas, observados ao longe, a cor e o contraste recompõem perfeitamente uma impressão da realidade". A rua, como escreveu o pintor, "estava negra de gente" e ele viu uma varanda, a que subiu para pintar.»
Eu: «Há uma certa maneira de ser, muito portuguesa, que se reflecte neste diálogo que testemunhei por mero acaso. A resignação e o conformismo, por um lado. Mas também a atenção aos outros, a palavra amável, uma sabedoria popular sedimentada ao longo de incontáveis gerações. Por vezes desgosta-me, por vezes comove-me. Mas sei que sentiria falta de tudo isto se vivesse noutro país, noutro continente, mergulhado noutra cultura. Porque também eu sou assim. Somos todos assim, de uma forma ou de outra.»