DELITO há dez anos
Francisca Prieto: «Hoje foi dia de tertúlia no estrangeiro da Ana Vidal. A meia hora de Lisboa, almoçaram os membros do Delito, quais Lordes Byron, numa faustosa varanda escondida por vasos de hortenses. Ficámos para ali noutro meridiano, em amena cavaqueira, enquanto nos fomos servindo de extraordinárias vitualhas que incluíram um escabeche de pato coroado com raspas de laranja, praliné de citrinos a cavalo numa salada, aspic de tomate à chef Navarro e, meu Deus, uma selecção de sobremesas de fazer saltar as papilas gustativas.»
José Navarro de Andrade: «É verdade que a selecção da Grécia joga um futebol brusco e picotado e tem um treinador que lhes grita – vimos todos – “calma, car@#§&!”, comprovando a perfeita capacidade comunicacional do calão português. Mas os gregos são a mais nostálgica colecção de cromos deste Mundial; cada um deles ostenta o fácies proletário dos jogadores dos anos 50 e 60, como se tivessem sido recrutados nas docas do Pireu. Katsouranis está ao nível de selvajaria a que sempre nos habituou e Karagounis segue demonstrando a sua incompatibilidade com as lâminas de barbear e com as decisões dos árbitros. Eles são a perfeita reminiscência física do futebol de outrora, antes desta gentrificação feita de penteados espampanantes e palmadinhas nas costas.»
Sérgio de Almeida Correia: «Os factos estão aí. Quem quiser que julgue a atitude do reitor Peter Stilwell. Por mim estou esclarecido. Seguramente que o seu amigo Ruy Cinatti estará atento, lá em cima e sabendo o que passou em vida, com o que por cá se passa. Espero que amanhã, quando envergar as vestes para celebrar a missa de Domingo, na Sé, tenha cara para enfrentar o Senhor. E que Ele na sua infinita bondade lhe perdoe o que fez a um homem bom e a uma família. Porque quanto à comunidade de Macau, duvido que enquanto se lembrar do que sucedeu o faça.»
Eu: «Os especialistas alertam: em 2050, caso se mantenham os hábitos actuais, metade da população dos países desenvolvidos será obesa. Isto numa altura em que o planeta terá cerca de 40% por cento mais habitantes do que tem hoje, podendo totalizar 9,1 mil milhões. Haverá portanto cada vez mais gente a comer em excesso, por um lado, e cada vez mais gente a comer de menos, por outro. As assimetrias vão ampliar-se em progressão geométrica. Com os consequentes riscos para a saúde. E até para a estabilidade social. Porque o progresso, com ou sem aspas, é sempre uma arma de dois gumes.»