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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 27.05.24

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Helena Sacadura Cabral: «No meu tempo de aluna de Economia passeavam-se pela Universidade uns filhos família cujo nome, pronunciado em voz alta, dizia tudo da sua origem. Vestiam e falavam de maneira especial e de um modo geral conviviam em grupo fechado, olhando os restantes colegas como representantes de uma classe social que pouco ou nada lhes dizia. Tinham-me algum respeito porque era eu que fazia as "sebentas" de algumas cadeiras, porque era a melhor aluna e porque, sem bem saberem porquê, usava um nome conhecido da História. E, de nomes, parece que percebiam. Mas não pertencíamos ao mesmo mundo. Isso era tão claro para mim quanto para eles...»

 

José Gomes André: «Com excepção da CDU e de Marinho Pinto, todos perderam. O PS obtém uma vitória curta, face às expectativas de congregar o voto de protesto contra a coligação PSD/CDS. A Direita sofre uma derrota histórica, que poderá abalar os alicerces do Governo (vem a caminho uma remodelação ministerial?). O Bloco continua a via da implosão. Perdeu as causas fracturantes para o PS e ao rejeitar ser hipotético parceiro dos socialistas tornou-se politicamente irrelevante. A abstenção atingiu valores elevadíssimos, resultado de um crescente (e preocupante) desânimo popular com a política (e com a Europa!) e do desgaste dos partidos tradicionais. O Governo sai fragilizado, mas a oposição não recolheu combustível suficiente para apelar de forma convincente a eleições antecipadas.»

 

Luís Menezes Leitão: «Aos militantes do PS não escapou o ridículo da figura que António José Seguro fez na noite eleitoral, manifestando uma falsa euforia com uma vitória pífia, que os seus apoiantes aplaudiram estrondosamente. António Costa percebeu, porém, o que estava em causa e viu aí logo na noite de domingo uma oportunidade de ouro para se candidatar à liderança. É manifesto que vai ganhar o PS. Aliás, se Seguro tivesse um pingo de responsabilidade tinha-se demitido logo na noite eleitoral, como fez o líder do PSOE espanhol.»

 

Eu: «Dois dias depois da maior derrota da direita em democracia, a notícia é -- uma vez mais -- a turbulência no maior partido de esquerda, que se sagrou vencedor da noite eleitoral. Invertem-se os termos, ao sabor das conveniências mediáticas, ignorando a maré que arrasou grande parte dos partidos socialistas no tsunami europeu de domingo. Quem venceu, perde. Quem perdeu, ganha. Vem aí mais uma refrega "fracturante" e fratricida na trincheira vencedora.»

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