DELITO há dez anos
Adolfo Mesquita Nunes: «Gostar muito de um escritor ainda vivo permite a expectativa, e sou dos que valorizam esse estado. Gostar muito de um escritor já desaparecido, sobretudo quando não foi assim tanto o que escreveu, encerra, de certa forma, o caso. Bem sei que as releituras oferecem algum espaço, todavia nada que possa comparar-se com a possibilidade de algo nos ser trazido como novidade. Mas de quando em vez descobrimos que o caso não está tão encerrado assim: Flannery, ela mesma, a ler-nos o 'A Good man is hard to find'.»
Teresa Ribeiro: «Em regra as pessoas confundem orgulho com soberba, quando na sua raiz estão duas atitudes mentais muito diferentes e, em certos aspectos, opostas. O orgulho é defensivo. Com ele defende-se a dignidade quando, nos casos em que a razão está do nosso lado, nos recusamos a dobrar a cerviz. Já a soberba agride, pois pressupõe um aviltante sentimento de superioridade. É por soberba que nunca se pede desculpa, mesmo quando se está em falta. Ao invés, por orgulho há até quem faça questão de se desculpar, revelando dessa forma o seu apurado sentido de justiça.»
Eu: «Como ensinou Larry King -- celebrizado durante um quarto de século de presença contínua na CNN -- numa conferência em Portugal a que tive o prazer de assistir, um jornalista nunca esgota o cardápio das perguntas. "Quando não há outra, é sempre possível perguntar 'porquê'? Podemos estar o dia inteiro a perguntar porquê." E nenhuma pergunta pode ser confundida com "emboscada". Alguém faça o favor de explicar isto à putativa ATV. Eu não posso: simplesmente por ignorar quem sejam os catedráticos de jornalismo que integram esta associação de corajosa gente que insiste em dar sermões de "ética" aos outros sem assinar por baixo. Com nomes e rostos, não com uma sigla.»