DELITO há dez anos
Adolfo Mesquita Nunes: «A reaprendizagem da noção de começo, a que imprevistamente me dedico, fez-me procurar ‘O começo de um livro é precioso’, que comprei, aliás, num dia inicial. E dei-me conta que passaram já seis anos, mais precisamente seis anos e um mês, da morte da Maria Gabriela Llansol.»
Luís Menezes Leitão: «Que eu saiba, os Açores ficam no meio do Oceano e são de formação vulcânica, pelo que, a falar de continente, só pode ser o continente perdido da Atlântida. E onde não há plataforma continental, não há qualquer utilidade na extensão territorial, uma vez que o aproveitamento económico dos fundos oceânicos é praticamente impossível. Portugal quer construir assim um novo império marítimo, reinando como Neptuno sobre os abismos oceânicos. É por isso que o Governo proclama entusiasmado que Portugal é Mar. Na verdade, todos os dias se afunda.»
Sérgio de Almeida Correia: «A entrevista de Barroso ao Expresso, sendo ele um ex-primeiro ministro e ex-titular dos Negócios Estrangeiros, por tudo aquilo que põe a nu, é o espelho da ambiguidade europeia, do permanente desencontro em que vive a União, da ausência de um líder e de um pensamento ideológico estruturado e coerente. Incapazes de encontrarem um líder que a una e prestigie, os burocratas eunucos que mandam na União preferem figuras menores, inconstantes, de pensamento proteiforme e com uma visão enviesada e ajustável à medida dos seus interesses.»
Eu: «Presidente autorizado a governar por decreto durante 12 meses. / 295 horas de aparições presidenciais na televisão só num semestre: em média, mais de hora e meia por dia. / Deputada da oposição vê revogado o mandato popular que recebeu das urnas. / Presidente da câmara de San Cristóbal, capital estadual e a sétima maior cidade do país, destituído e detido por recusar reprimir manifestantes. / Outro autarca eleito por voto popular - Enzo Scarano, de San Diego -- condenado a dez meses de prisão efectiva pelo mesmo motivo. / Jornais em risco de fechar por falta de papel. / 2118 detenções em 56 dias de brutal repressão política. / 39 mortos e 559 feridos nestes dois meses. / Jovem grávida assassinada. / Indignação popular passa a ser criminalizada. / Direito à manifestação é severamente restringido. / Militares usados para reprimir protestos. / Infecções respiratórias aumentam 30% devido ao abuso de gás lacrimogéneo. / Presidente exige que os proprietários vendam imóveis aos inquilinos. / Amnistia Internacional denuncia meia centena de casos de tortura. Eis a "democracia" venezuelana em todo o seu esplendor.»