DELITO há dez anos
Bandeira: «O blogue da semana, Julie Dawn Fox in Portugal, é em inglês. “Inglês! Mas isso é legal?”, ouço-o perguntar. Se não é, caro leitor, estimado colega, amigo do peito, as minhas desculpas: cumprirei pena. Seja estóico e pense que podia ser pior – podia ser escrito por Assunção Esteves, aí é que não percebia nada. E depois vale a pena, nestes dias de fuga para paraísos menos austeros, perceber o que ainda faz mover um expatriado em Portugal.»
Helena Sacadura Cabral: «Manuel Forjaz, 50 anos, professor e empresário, foi operado no mesmo dia que o meu filho Miguel. Felizmente, está vivo. É casado com uma mulher de quem gosto muito e que se chama Helena, como eu. Há mais de cinco anos que combate o “seu cancro”, mas vive como sempre viveu: com paixão e uma força anímica surpreendente, que não deixa ninguém indiferente. Como fez o meu filho.»
José António Abreu: «Maria Schneider é compositora de jazz. Tem a sua própria banda, já passou por Portugal e em 2011 até dirigiu a Orquestra de Jazz de Matosinhos na Casa da Música. Dawn Upshaw é soprano. Nasceu em Nashville mas fez carreira cantando Handel, Mozart e compositores contemporâneos como John Adams. Schneider e Upshaw juntaram-se para musicar nove poemas de Winter Morning Walks: 100 Postcards to Jim Harrison, de Ted Kooser, e quatro poemas de Carlos Drummond de Andrade (nas suas versões em inglês). Pendendo mais para o universo da música clássica que para o do jazz, o resultado é belíssimo.»
Teresa Ribeiro: «Graves, graves, são os crimes contra o património. Bater e violar mulheres e crianças desde que não resulte em mortes, já é coisa de somenos. Sempre assim foi e pelos vistos é para continuar. Apesar de crescente, a indignação que a pedofilia e a violência doméstica despertam na sociedade não chega para inverter a tendência para encarar os crimes sexuais com uma enorme complacência. A cultura e a tradição pesam na balança como o caraças.»
Eu: «Amanhã de manhã -- talvez ainda mais cedo do que é costume --, repetindo um hábito que tenho enraizado há longos anos, comprarei o habitual exemplar de domingo do El Mundo. Não será, no entanto, um domingo como os outros: esta é a última vez em que o nome do seu fundador e director, Pedro J. Ramírez, surge impresso sob o cabeçalho do jornal, um dos meus preferidos desde sempre. Pedro 'Jota', como é conhecido em Espanha, é afastado da direcção do segundo matutino generalista de maior circulação em Espanha, a poucos meses de cumprir um quarto de século nestas funções, pelos proprietários italianos, detentores de larga parte da estrutura accionista do jornal. Um afastamento ditado, segundo circula em Madrid, pela pressão conjunta do Governo conservador de Mariano Rajoy e da Casa Real, com o aplauso implícito dos socialistas, que há muito tinham El Mundo sob ponto de mira.»