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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 12.07.23

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João André: «Os tradutores do novo livro de Dan Brown, Inferno, estiveram essencialmente encarcerados numa cave durante dois meses a traduzir a obra. A explicação é a tradicional: a pirataria. «Estamos numa época de pirataria e em que os editores querem vender livros» foi a epifânia pessoal que Brown nos transmitiu. Sem querer entrar (ainda) na questão da qualidade, a verdade é que o livro estava provavelmente disponível para download à borla cerca de 30 segundos após ser colocado à venda.»

 

José António Abreu: «Para evitar que ele fosse denegrindo, de modo involuntário mas absolutamente implacável, a fraca imagem que já tenho dele, nos últimos meses procurei não ouvir declarações de António José Seguro. No entanto, hoje esta decisão causou-me um problema: ouvi-o apresentar um conjunto de propostas no Parlamento e nem sei se são originais ou já andam por aí em discussão desde a segunda, ou mesmo a primeira, tentativa de demissão de Vítor Gaspar. Seja como for, gostei particularmente desta: que a parte nacional do financiamento de projectos com apoio comunitário não conte para o défice público. Bati na testa com tanta força que fiquei a conseguir olhar para trás rodando a cabeça para cima.»

 

JPT: «É costume ouvir e ler queixumes sobre o estado actual do ensino em Portugal, críticas aos modelos pedagógicos, aos currículos, ao ordenamento estatal (ministerial), aos paradigmas vigentes (o celebrado "eduquês"). Tudo isso, diz-se, que implica um défice das capacidades dos cidadãos. Não vou discordar, ignorante que sou das múltiplas dimensões da(s) problemática(s). Mas ocorre-me, talvez mais do que nunca, que a hipotética existência desse problema assume uma dimensão histórica, o "tempo longo", pois será uma questão de décadas, no mínimo. Deduzo isso pela constatação da generalizada iliteracia.»

 

Eu: «A política, para ser eficaz, exige clareza. Um gesto destes perturbaria o tacticismo pessoal de alguns vultos majestáticos ocupados em escrever livros de memórias antes do tempo? Talvez. Paciência. A democracia é assim.»