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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 19.06.23

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José António Abreu: «Girl on fire, de Alicia Keys. Ainda que voluntariamente não ouça as estações de rádio onde o tema passa mil oitocentas e quarenta e nove vezes por dia, apanho o irritante refrão em todo o lado. Cheguei a pensar que vários bombeiros depressa procurariam apagar o fogo que consome a pobre rapariga [introduzir aqui piada sobre mangueiras compridas] mas depois percebi que, para um bombeiro, o refrão se confunde com o ruído da sirene, estando provavelmente a tentar descobrir-se em todas as corporações do país que filho da mãe está a fazer soar o alarme e a deixar o pessoal exausto de tanto correr para o quartel (felizmente para as nossas florestas, Junho tem sido fresco e chuvoso). Perdida essa esperança, limito-me agora a aguardar que o incêndio se extinga por falta de combustível. Mas nem Joana d'Arc aguentou tanto tempo.»

 

JPT: «Agora, num contexto político nada linear, antecedendo um ciclo eleitoral complexo [no passado domingo diziam-me que a Renamo  acordara com a Frelimo lançar uma candidatura autárquica na Beira, para derrubar o presidente do MDM. Como articular isto com o germinar desta violência militar?],  e um constante discurso de "boom" económico, estes acontecimentos fazem, pelo menos, lembrar um passado terrível. Não antevendo um futuro similar, para não ser catastrofista. Mas angustiando.»

 

Luís Menezes Leitão: «O balanço de Durão Barroso à frente da Comissão Europeia não podia ter sido mais negativo: a independência da Comissão ficou em cacos, a Europa teve uma década de recessão e corremos o risco de ter o colapso do euro ou mesmo da própria União Europeia. Se há coisa que a Europa tem que resolver de vez, se se quiser manter, é a situação da Comissão Europeia. Ou a Comissão volta a ter a independência que teve no tempo de Delors ou a União Europeia pura e simplesmente acaba.»

 

Patrícia Reis: «Hoje tive o privilégio de passar a tarde à conversa com Simone de Oliveira. Uma mulher que tem o dobro do sangue dos outros, com uma história de vida que é uma lição, um pano encharcado nas trombas, uma miséria, uma montanha russa. Aos setenta e cinco anos, tiro-lhe o chapéu e, podem acreditar, está a cantar melhor do que nunca, ela que diz que a outra voz, a voz da miúda do Festival, da "Desfolhada", não era bem a dela.»