DELITO há dez anos
Ana Vidal: «Parabens a Mia Couto, que acaba de ganhar o prémio Camões. É actualmente um dos meus escritores preferidos de língua portuguesa e o único (repito, o único) que me leva ao sacrifício de ler um livro escrito em acordês. Porquê? Porque, simplesmente, pior do que isso seria não poder lê-lo. Mas é pena que tenha cedido ao AO e ao enganador argumento da uniformização do português. Logo ele, que tem um vocabulário tão próprio e por isso contribui de forma tão expressiva para a diversidade da nossa língua.»
JPT: «Sou um mau leitor de Mia Couto, transporto-me com dificuldade para a sua ficção. E gosto muito dos seus textos de opinião, pelo que diz, pela forma como o apresenta. E nesse âmbito não esqueço nunca o seu extraordinário texto, de sentimento e de coragem, até física, lido no funeral do jornalista Carlos Cardoso, assassinado em 2000. Que mais me fez admirar o homem ali, sempre gentil no seu jeito muito próprio, para além do escritor afamado, reconhecido. E sempre amado pelos leitores, um tipo que não precisa de confrontar quem o aprecia, sinal de grandeza.»
Luís Menezes Leitão: «Acho que nunca uma capa do Economist teve uma imagem tão violenta como esta. Mas a seriedade da crise do euro justifica-a plenamente. Os líderes europeus parecem de facto um grupo de sonâmbulos caminhando para o abismo, insensíveis a tudo o que se passa à sua volta. Mas o mais chocante na imagem nem é o passo decidido dos que caminham à frente, liderados por Merkel e Draghi. O que mais me perturba é ver no canto direito Durão Barroso e Passos Coelho, irmanados e cabisbaixos, seguindo os líderes do grupo como cordeiros no caminho do suicídio.»