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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 23.05.23

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Ana Cláudia Vicente: «A C. entrou-me hoje pela biblioteca a perguntar se amanhã ia à Feira, e eu sem saber que a dita já tinha começado. É uma entre alguns dos miúdos do oitavo que andam quase sempre com um livro a jeito, naquele modo draga-minas no qual tanto faz marchar Agatha Christie como Stephenie Meyer, J. R. Tolkien ou J. K. Rowling. Já juntou o que lhe faltava para lá ir em missão de resgate dos dois volumes desejados. Abriu o site para me mostrar o programa, quis explicar-me onde estavam os livros do dia. As boas dúzias de quilómetros para lá e para cá vai fazê-las com os pais, a quem diz ter dado pré-aviso de, mesmo em caso de chuva, haver total precisão de gelados.»

 

Bandeira: «É estranho pensar que a do Dafundo já foi uma das praias mais chiques da costa de Lisboa, talvez mesmo a mais chique, leia Eça e verá. Mas sabe o que dizem: as fotografias – as que têm mais de cem anos, quero dizer – não mentem jamais.»

 

Fernando Sousa: «Tortura e outras formas de maus-tratos. Uso excessivo da força por parte das polícias. Violência de género e um balanço do Comité dos Direitos Humanos das Nações Unidas de pôr os cabelos em pé. Eis em poucas linhas o que diz o Relatório da Amnistia Internacional de 2013 sobre a situação dos direitos humanos em Portugal, com as medidas de austeridade a ajudar à degradação de direitos, liberdades e garantias que o Estado, esse ente estranho, cada vez mais estranho, deveria proteger, para mais quando acaba de ratificar o Protocolo Facultativo do Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais, que assim aparece como um embuste - como mais um embuste.»

 

Luís Menezes Leitão: «Jorge Sampaio acha que as eleições antecipadas não são um cenário mortal. Claro que não. Precisamente porque há muito mais vida para além do défice.»

 

Eu: «Da Relógio d'Água, trago Paixões Passadas, uma colectânea de prosa jornalística assinada por Javier Marías - talvez o melhor escritor espanhol da actualidade. No pavilhão da Presença, fixo-me noutro grande nome da literatura espanhola contemporânea: Rosa Montero. Também em textos jornalísticos, sob o título Paixões. Ela explica num pequeno texto introdutório: trata-se de uma série inicialmente publicada no suplemento dominical do diário El País "sobre as grandes paixões da história". Mais um para o saco das compras.»