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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 15.01.23

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Adolfo Mesquita Nunes: «Lembro-me que quis calar a cidade e suspender os movimentos, fazer de tudo uma estátua. Havia um céu enorme, desmanchado em luz, que quis desligar. E não consegui esquecer os eléctricos que passavam, levando e trazendo pessoas com destino. Aparentemente o Mundo convivia bem com o mais trágico dos acontecimentos, abrindo a ferida, para usar um eufemismo. E fiquei a pensar na cobardia do Mundo perante a morte. Volto aqui sempre que me morre alguém e dou comigo a pedir desculpa por, também eu, participar dessa cobardia. À família e aos amigos do João, um enorme abraço.»

 

Ana Vidal: «Um dia, a amizade passou de virtual a real, carne e osso a confirmar a empatia e a confiança. Foi um anfitrião insuperável nas suas ilhas de adopção, territórios mágicos a que me rendi sem retorno desde o primeiro olhar, e a que voltei e voltarei sempre que a vida mo permitir. A última vez que o vi foi no Porto, já em tratamento e consciente do seu estado grave. Tomámos um café, conversámos e rimos como se tudo estivesse bem, e não pude deixar de reparar no estoicismo de quem tudo fazia para manter o prumo e não dar o flanco à doença. Quando me despedi, apesar dos meus protestos fez questão de me acompanhar ao carro e abrir-me a porta, galante como sempre. Sorridente, espicaçou-me com o seu tema preferido pela última vez: "O que é que pensas, que eu sou um desses mouros que não sabem comportar-se com uma senhora? Aqui no Porto ainda há cavalheiros, ora essa!"»

 

João André: «Depois de me ter apresentado não mais tive tempo de escrever. Foi portanto assim como que um choque ver os posts do Pedro e da Laura. Não conheci o João e tenho pena de não o poder vir a conhecer. Conheço dele estes postais, sempre deliciosos, que nos foi deixando. Para os amigos poderá saber a pouco. Para os leitores são pérolas.»

 

Luís Menezes Leitão: «Com a fuga de Sócrates para Paris, após a quase-bancarrota do Estado, o PS atirou-se para os braços de Seguro, uma versão socialista de Passos Coelho, mas é evidente que o partido não está pacificado. A única razão para Seguro ainda não ter caído é a obsessão de António Costa pela destruição de todas as vias de trânsito em Lisboa, em ordem a transformar a cidade num paraíso para as ciclovias. No dia em que António Costa achar que já construiu ciclovias suficientes em Lisboa, Seguro bem pode apanhar também uma bicicleta e ir pedalar para outro lado.»

 

Marta Spínola: «O momento em que chego ao DELITO - vivemos tempos conturbados mas desses não falarei, já basta a realidade. O virtual serve-me de descanso e recreio - é aquele em que me encontro a tomar conta de um bebé (não meu, filho de amigos) no meu dia-a-dia, vivo a temporada de prémios de cinema, e a que espero seja a recuperação pós-crise da equipa de futebol do meu clube. Vivo mais coisas, mas ficam estas para o primeiro retrato.»