Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 10.01.23

21523202_SMAuI.jpeg

 

Ana Lima: «Com tantos exemplos de pessoas, naquele grupo de idade, que lutam diariamente para sobreviver no nosso país qual é o problema de existirem jovens, como esta, que irradiam bem estar, sucesso e auto-estima? É verdade que outros há que, com o seu esforço, atingem metas importantes, pessoais ou que se reflectem positivamente na vida de outros. Estarei a ser preconceituosa? Talvez. Mas a verdade é que, neste caso concreto, estou desejosa que me digam que o guião foi escrito por alguém das Produções Fictícias e que a Filipa não existe mesmo. Não existe, pois não?»

 

João André: «Estudei engenharia química em Coimbra (um engenheiro de Coimbra, meu Deus) mas pouco fiz em Portugal, tendo avistado uns sinais de fumo do Zandinga e decidido que este país não era para chatos e rumei a paragens mais frias. Estive (e ainda vou estando) na Holanda e trabalhei (e vou trabalhando) na Alemanha. A minha experiência profissional e de vida acentua os traços mais chatos da personalidade: não tendo um conhecimento aprofundado de qualquer das realidades, vou-me arrogando a botar faladura acerca de qualquer assunto que envolva os países que conheça. Peço portanto a compreensão dos leitores.»

 

José António Abreu: «Em finais de 2010, no primeiro orçamento que o parlamento irlandês aprovou depois de recorrer a auxílio externo, previa-se um esforço de equilíbrio das contas públicas de 6 mil milhões de euros, dos quais cerca de 3,9 mil milhões de euros eram cortes na despesa e, destes, cerca de 2 mil milhões eram cortes em salários e pensões. Por lá (onde, em 2007, antes da crise financeira, os gastos do Estado representavam 36,4% do PIB, contra 44,4% neste cantinho soalheiro), parece que é constitucional fazer coisas destas. A economia irlandesa, ajudada pelas exportações (por sua vez ajudadas pela taxa de IRC de 12,5% e, presumo, por sistemas de Justiça e burocracia menos kafkianos), já está a crescer desde 2011 (apenas cerca de 0,5% em 2012 but still).»

 

Patrícia Reis: «O livro ganhou um prémio. É um bom livro, está bem escrito e, de repente, aqui está: alastrou-se. E eu fico logo com comichão. Alastrar não é reflexo. Podem por favor informar o povo em geral e os escritores em particular? Continuei a ler. Temos sete vezes "alastrou-se". Avisem os editores também.»

 

Eu: «"Os principais detra[c]tores do Acordo Ortográfico acham-se tipicamente entre as fileiras da direita conservadora portuguesa", proclama esta luminária, cuja sabedoria política se encontra ao nível dos seus rudimentares conhecimentos etimológicos. Ficamos assim a saber que Manuel Alegre é da direita conservadora. E Baptista-Bastos também. E Mário de Carvalho. E José Gil. E Ricardo Pais. Já sem falar na Inês Pedrosa. Ou no José Jorge Letria. Ou no Ricardo Araújo Pereira. Ou até nesse reaCCionário chamado António Lobo Antunes. Sem esquecer José Barata-Moura, ex-reitor da Universidade de Lisboa e ilustre militante do PCP.»