DELITO há dez anos
Cláudia Köver: «Felizmente, na escola onde eu andei, os filmes sempre foram incluidos no currículo. É claro que é importante que toda a gente veja um filmes de Hitchcock, Tim Burton ou Charlie Chaplin. No entanto, porque não usar filmes que explicam ou apoiam algo que os meninos estejam a aprender em filosofia ou história? Porque não integrar em vez de somar? Sim, temos o Romeu e Julieta. Mas o que é que os meninos vão andar a estudar quando virem o Eduardo Mãos de Tesoura?»
José Navarro de Andrade: «Pode-se afirmar que a democracia representativa em Portugal só ainda não se desvaneceu por dois singelos motivos. Um é que não se sabe muito bem que modelo adoptar em sua substituição: Petrogrado 1917? Berlim 1933? Tirana 1945? Chile 1973? Burkina Faso 87? O outro é que ainda não apareceu nenhum carismático a discursar em cima das mesas das cervejarias ou a marchar pelas estradas, que arrebate as massas e num ímpeto salvífico, tome o poder em nome delas.»
Rui Rocha: «Meus senhores, meus senhores, um pouco de calma. Deputado Abreu Amorim, peço-lhe encarecidamente que se sente e que largue imediatamente o pescoço do membro desta Comissão que estava sentado ao seu lado. Isso. Esse mesmo. Esse que está a ficar todo roxo. Obrigado.»
Eu: «Os protestos de rua são inteiramente legítimos. Mas a rua não substitui o voto, por mais genuína que seja a indignação colectiva. E a insensatez dos insultos aos conselheiros de Estado está nos antípodas da cidadania. Ao contrário do que gritava o tal cavalheiro, a democracia não deve acabar. Deve melhorar, isso sim. E ser aprofundada. Sempre com mais cidadania, nunca com menos.»