DELITO há dez anos
Ana Vidal: «Há dois erros que procuro não fazer, embora nem sempre com os melhores resultados, sobretudo no que toca ao primeiro: cair em generalizações perigosas e dividir o mundo em dois blocos, a direita e a esquerda. Nada é assim tão taxativo, há muito que aprendi essa regra básica. Mais: faço questão de aplicá-la a mim própria (correndo o risco de ser considerada incoerente, coisa que não me incomoda nada) e diverto-me a fintar os infalíveis vedores do pensamento político alheio.»
Helena Sacadura Cabral: «Confesso que tenho alguma dificuldade em admitir estas diferenças de tratamento. Sei porque acontecem, mas incomoda-me esta situação de desigualdade aceite como natural...»
Leonor Barros: «A Universidade Lusófona não detalhou as cadeiras em que Miguel Relvas miraculosamente se licenciou mas 'entre a experiência profissional invocada para o processo de equivalência figura o de (...) presidente da Assembleia Geral da Associação de Folclore da Região de Turismo dos Templários'. Mediante isto o Cantarinhas de Barro merece um doutoramento. Transpiram bem mais numa actuação do que Relvas numa licenciatura inteira.»
Rui Rocha: «Melhor deixar os ultras com suas manias de lado e retornar ao ponto de partida do sábio Marshall. Reconhecer as individualidades da oferta e da procura, sabendo que uma não vive sem a outra, e almejam cruzar-se harmonicamente como se hastes fossem de uma mesma tesoura. Posições extremas são excitantes de tempos a tempos, mas somente o Caminho do Meio unifica e transcende a dualidade.»
Teresa Ribeiro: «São tão golpistas como os outros, mas actuam com muito mais elegância.»
Eu: «A economia, à escala europeia, conhece as monumentais dificuldades que todos sabemos. Apesar disso, ou talvez por causa disso, não tropeçamos numa pedra na rua sem vermos sair de lá meia dúzia de improvisados economistas carregados de soluções mágicas para solucionar todos os problemas. Que esses economistas de circunstância não tenham o menor conhecimento da ciência que dizem dominar é um pormenor de somenos: basta-lhes dois pós de retórica e três citações dos mestres da moda (Krugman, Roubini e Stiglitz) para debitarem as suas teses capazes de ressuscitar a prosperidade nesta Europa com a corda na garganta.»