DELITO há dez anos
Bandeira: «Lisboa, cinema São Jorge, “Encontros para uma Esquerda Livre”. Um homem nos seus sessenta, camisa vermelha, magro e de cabelo desalinhado, coloca uma cabeça de alho no chão, ao lado da sua cadeira. A todas as intervenções ele assiste em silêncio. No fim, levanta-se, pega na cabeça de alho, coloca-a numa pasta que trazia consigo e sai.»
José António Abreu: «Para acabar (pois é, a viagem chegou ao fim mas não precisam de ficar tristes) e para variar (parece-me que o Rui Rocha estava a começar a deixar de achar piada a estas pequenas provocações), três postais ilustrados. Os dois primeiros são de Praga, o terceiro mostra a Frauenkirche de Dresden, destruída nos bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial e reconstruída entre 1993 e 2005 (sempre que possível, com as pedras originais).»
Leonor Barros: «Depois de afirmar que os salários devem ser reduzidos em Portugal, António Borges auferiu, em 2011, 225 mil euros livres de impostos. Ao que parece, os senhores do FMI que andam por aí a mandar os outros pagar impostos, estão isentos do pagamento de impostos. Este privilégio assiste aos que têm estatuto de funcionário de organização internacional. O mínimo que se lhe podia exgir era que calassem aquelas bocas e tivessem o mínimo de respeito por quem vive de uns ridículos euros e está reduzido a vidas miseráveis, também porque o Estado nos abafa com impostos e as assistências internacionais sufocam ironicamente quem alegadamente ajudam.»
Luís Menezes Leitão: «Está à vista a total ineficiência das instituições europeias nesta época de crise. Multiplicam-se inúmeras cimeiras europeias, mas nunca se chega a solução alguma para este problema. Está à vista que o euro se vai afundar, enquanto a Europa continua a passo de caracol.»
Rui Rocha: «Praga é, sem dúvida, uma cidade fantástica. Mas o verdadeiro património da (minha) humanidade, de origem bem portuguesa por sinal, é o que se encontra em primeiro plano nas imagens. E as linhas arquitéctonicas do monumento da direita na segunda fotografia (ou da esquerda na terceira) são as únicas que realmente aprecio.»