DELITO há dez anos
Cláudia Köver: «Espaço. Há um determinado espaço que pode ser ocupado. Não há como preenchê-lo com mais do que o que lhe foi previamente destinado. Cabe uma pessoa. Cabe meia pessoa mais outra meia pessoa. Não cabem duas. Se eu quiser deixar uma pessoa se sentar, tenho, inevitavelmente que remover a outra.»
Helena Sacadura Cabral: «Não quereria estar na pele de quem tem de gerir este barco, tentando conciliar o interesse do país com a troika e uma certa ideologia. De facto, estes números podem ter várias leituras. A minha é preocupante. Mas eu só interpreto, não giro nem governo. E, sobretudo, tenho muito poucas ideologias. Sou uma tecnocrata, que é o pior que hoje se pode ser...»
Luís Menezes Leitão: «Começa a ser evidente para todos que o euro está à beira do colapso. Tal deve-se à forma como foi concebido, destinado a ser a moeda única de uma Europa com economias muito diferentes. O euro poderia funcionar com base em políticas de coesão, mas essas são já passado. A partir do momento em que a crise se instalou e os países europeus adoptaram a regra do cada um por si, é evidente que o euro se tornou numa armadilha para os países do Sul que nunca conseguirão viver nas condições draconianas exigidas pela Alemanha.»
Rui Rocha: «Marx teorizou sobre a coisificação do trabalho. Só no século XXI foi dado um salto qualitativo. Álvaro Santos Pereira coisificou o desemprego. Passos Coelho desenvolveu a utopia da oportunidade. Tal como o próprio Marx previra, a história repetiu-se. Como farsa.»