DELITO há dez anos
José António Abreu: «Passo, no Cais de Gaia, por uma mulher segurando um telemóvel no ar, a câmara apontada à outra margem (não, não iria obter uma foto igual à que ilustra este texto, tirada às oito e tal de uma manhã de Outubro em que a cidade parecia não querer acordar). Algo não corre bem e ela começa a bater repetidamente no ecrã com a ponta do indicador direito. Suspira. Lamenta-se: "No me entiendo." Afasto-me a pensar que é suposto o espanhol comum ter um amor-próprio tão grande quanto o do José Mourinho em dia de especial auto-satisfação e que, todavia, em situação idêntica qualquer português diria "Não entendo", acrescentando depois "esta"... hmmm, digamos "treta", que afinal isto nasce de uma cena ocorrida no Porto, onde toda a gente tem extremo cuidado em evitar o uso de terminologia que possa ferir susceptibilidades alheias.»
José Navarro de Andrade: «A pior canção ("Trololo"), o pior cantor (Eduard Khil) ou o pior playback de sempre?»
Luís M. Jorge: «"Se vivesse hoje em Portugal o George Orwell acrescentaria aos 3 slogans "Guerra é Paz", "Liberdade é Escravidão" e "Ignorância é Força" mais estes três: "Pobreza é Riqueza", Despedimento é Emprego", "Despejo é Habitação".»
Eu: «A mais eficaz comunicação política é a que não contorna os problemas nem procura camuflar as dificuldades. Pensar o contrário é um profundo equívoco.»