DELITO há dez anos
Ana Cláudia Vicente: «E já que falamos em quantos somos... esta simpática jiga-joga que a BBC colocou no site proporciona a todos os curiosos a descoberta do seu número (aproximado, imagino) de ordem de chegada ao planeta. É caso para dizer que somos mais que as mães.»
João Campos: «Ceremonials, o novo álbum de Florence + The Machine, foi lançado hoje. Para os mais distraídos, a cantora britânica Florence Welsh e a sua banda foram responsáveis por Lungs, um dos melhores álbuns de 2009 (para mim, claro). Foi um daqueles álbuns raros que ouvi uma vez e gostei imediatamente de todas as músicas, sem excepção. Amor à primeira vista, se quiserem, ou à primeira audição, para ser mais exacto.»
João Carvalho: «Porque é que está uma equipa da RTP há dias no Brasil para dizer do processo contra Duarte Lima aquilo que todos dizem e que todos sabem por ouvir os outros dizer? Porque é que parece que vão ficar por lá até Duarte Lima aparecer ou até o processo estar concluído? Porque é que o correspondente da RTP no Brasil anda pela América do Sul a seguir o Presidente e o primeiro-ministro e a equipa de enviados-especiais-à-acusação-de-Duarte-Lima anda a dar a volta ao Brasil? Porque é que só alguns sentem a crise nos salários? Porque é que a gente lhes paga muito mais do que nós recebemos? Porque é que temos de continuar a sustentar a RTP?»
Luís M. Jorge: «Num país em que a palavra juventude serve de eufemismo a uma casta de adultos indolentes e primadonas agastadas da classe média urbana, e em que por desporto se toma o futebol — prática criminosa só debelável com a interdição — qualquer laracha que o burocrata responsável pelos dois buracos negros proferisse ao microfone teria potencial incendiário. Ainda por cima se fosse verdade. E o que disse o homem? Que os nossos inúteis, se não encontrarem trabalho cá dentro, devem procurá-lo lá fora. Isto, na economia do euro, é uma lapalissada rudimentar, mas causou as apoplexias do costume. E o que acrescentou o homem? Que depois de conhecerem as boas práticas dos países de destino poderão voltar à origem e realizar os seus projectos com outra segurança. Isto tem algum mal? Não tem. É o bê-á-bá da autonomia que uma sociedade civilizada deve exigir a maiores de dezoito anos.»
Rui Rocha: «O número, redondo e esmagador, aí está. A ONU declarou o dia 31 de Outubro de 2011 como data oficial em que a humanidade passa a contar com 7.000 milhões de seres vivos. Trata-se, como é óbvio, de uma proclamação simbólica. Em rigor, não é possível saber o momento exacto em que a barreira é ultrapassada. O certo é que fizemos um longo caminho. No tempo em que Jesus Cristo viveu seríamos 300 milhões. Em 1927, 2.000 milhões. No ano 2000 éramos mais de 5.000 milhões.»
Sara Coelho: «Sim, é preciso cortar em muita coisa, mas Lisboa é um destino acessível e que recebe muitos turistas à conta disso. Não são propriamente turistas que andem de limusina e não convém afastá-los, porque o comércio, a restauração e a hotelaria precisam deles para conseguir sobreviver minimamente. E, pelos vistos, ainda ninguém se lembrou que as pessoas vão sair menos no próximo ano, mas irão sair ainda menos se tiverem de gastar dinheiro em táxi ou combustíveis para regressar a casa. Vão cortar no metro e, ao mesmo tempo, diminuir as vendas de muitos restaurantes e bares. E isso leva a que o IVA diminua e o desemprego (e os respectivos subsídios) aumente.»