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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 29.10.21

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João Campos: «Não tenho carta de condução. É algo que faz muita confusão a vários amigos. Dois ou três, quando me encontram, perguntam invariavelmente: então e a carta, já a tiraste? Há oito anos que a resposta é a mesma, tal como a justificação: carta de condução não é uma prioridade por 1) não ter dinheiro para comprar um carro, 2) não ter dinheiro para manter um carro, 3) estacionar na zona onde vivo é impossível e na zona onde trabalho é caríssimo e 4) não preciso, pois Lisboa tem um sistema de transportes - autocarros, eléctricos e metro - muito bom, que permite chegar a qualquer lado a qualquer hora.»

 

João Carvalho: «O deputado socialista Paulo Campos, ex-secretário de Estado das Obras Públicas e defensor do indefensável programa dos Magalhães, não é apenas um dos rostos da ruína nacional. Ele é também um dos rostos mais sorridentes da Assembleia da República.»

 

José António Abreu: «Ela indica no perfil que vive em Ponta Delgada mas anda a escrever posts sobre as aventuras de uma freira em Amesterdão (não, não é o que estão a pensar mas sim, também é o que estão a pensar). Faz perguntas lixadas como esta. E gosta do fantasma de Kurt Cobain, das letras do Thom Yorke e – não há perfeição sem uma ligeira falha – do estilo do Fernando Ribeiro. Eu aprecio-o porque ela escreve bem e também porque blogues assim me fazem pensar que hei-de acabar por perceber as mulheres. Mesmo que logo a seguir me obriguem a considerar a hipótese de ainda ir demorar um certo tempo.»

 

Laura Ramos: «É o género de obra que me encanta. Produto de uma investigação apurada e consistente, mas que não despreza, na sua riqueza  documental, a oportunidade estética. Não é só um livro de autor: é uma construção atravessada de sensibilidade sobre variadíssimos actores da nossa história cívica e cultural. O que exige método, bom olho, ciência e faro de caçador.»

 

Luís Menezes Leitão: «Para aumentar ainda mais o péssimo estado de espírito da população, hoje temos que mudar para a hora de Inverno. Não vejo qualquer razão para esta sistemática alteração da hora duas vezes em cada ano. Bem fizeram os russos que vão ficar com a hora de Verão todo o ano. Efectivamente, se a hora de Verão é muito mais adequada que a hora de Inverno, porque não conservá-la todo o ano? Afinal de contas estamos a ter tempo de Verão durante cada vez mais tempo durante o ano.»

 

Rui Rocha: «O mundo organiza-se a partir do princípio da simplicidade. E os instrumentos que permitem concretizar a simplicidade são uma classificação bipolar e um lápis. O lápis serve-nos para desenhar um risco. A classificação  bipolar serve para situar a realidade face ao risco que desenhámos. Bom e mau, esquerda e direita, branco e negro, norte e sul, pobre e rico e tantos outros pares que nos são úteis na nossa relação com o mundo. Ora, o movimento Ocuppy Wall Street utiliza também este método de abordagem. O lápis do OWS desenhou a fronteira: 99% de um lado, 1% do outro. Simples, não é?»

 

Eu: «Lirismo? Qual lirismo? Rubem Fonseca escreve sobre o lado escuro da vida, sobre o lado negro do mundo. As suas personagens são duras. E feias. E sujas. Portam-se mal. Batem, ferem, agridem. Matam. Enquanto uns cantam loas à lua, ele vislumbra a face lunar do quotidiano. E transfigura-a de forma admirável nas suas narrativas, virando todas as convenções do avesso -- a começar pelas convenções literárias, transportando para as suas páginas de ficção a linguagem crua das ruas, dos morros, dos becos, das vielas.»

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