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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 02.06.21

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Alda Telles: «No fim, ficará um instante, como aquele gesto de coragem absoluta de Suárez, a única pessoa que não obedeceu às ordens dos golpistas naquele 23 de Fevereiro e não se refugiou debaixo de um assento parlamentar (esperando talvez a morte). Um gesto eventualmente absurdo, ou “um gesto de redenção individual e talvez colectiva” como o caracterizou Cercas. Esse instante acontecerá às 20 horas do próximo dia 5 de Junho. O primeiro dia de mais um resto das nossas vidas.»

 

Fernando Sousa: «Quando a tropa premeia com cinco diazinhos de castigo um bando que veste a lustrosa farda dos fuzileiros e um juiz civil não consegue enxergar na lei outra medida para jovens zaragateiros de 15, 16 e 18 anos que não seja a prisão preventiva não temos mesmo quem nos defenda – nem as forças armadas nem a justiça. Portugal está mesmo à deriva, balança, enjoa quando não dá vómitos. Bem pode o Presidente da República pedir justiça, como os jovens advogados oficiosos no fim dos julgamentos nos quais pesaram pouco ou nada...»

 

João Carvalho: «Confirma-se, portanto, que a Lusa lida bem com coisas pequeninas que sejam do interior. Ponham-na a cobrir a campanha eleitoral na Beira Interior, por exemplo, antes que chegue a hora do inevitável: privatizá-la.»

 

José António Abreu: «Quanto ao nível de endividamento de famílias e indivíduos, já se discutiu bastante como a inacção do governo ao nível da lei do arrendamento (é irónico lembrar que, naqueles quatro meses caóticos do final de 2004, o governo de Santana Lopes tinha pronto um projecto de lei de arrendamento que talvez tivesse ajudado a estimular o mercado) e a concessão de benefícios fiscais no crédito imobiliário (usados pelos promotores para subirem preços) levaram muita gente a comprar casa em vez de a arrendar. Um pormenor de delicioso humor negro é verificar como, em 2008, Portugal estava em quarto lugar na lista de países europeus com mais elevada percentagem de proprietários: cerca de 75% dos agregados familiares possuía casa própria.»

 

Leonor Barros: «Vinte e oito mil euros em quatro noites em Nova Iorque, trezentos mil euros em festas de luxo, deslocações em limusinas num custo de cento e dez mil euros, jóias compradas na Tiffanny´s, desconhece-se o valor gasto. No total foram oito milhões de euros. E desengane-se quem acha que tamanho desmiolanço foi obra de um sheik das Arábias ou um oligarca lá para o Leste da Europa, esbanjando euros como quem come tremoços ou se abalança num belo prato de caracóis. À cabeça desta comandita temos o portuguesíssimo, lusitaníssimo Durão Barroso.»

 

Rui Rocha: «A campanha (e a pré-campanha) de Passos foi irregular, com momentos altos, como o debate com o Coiso e a apresentação do programa eleitoral, e alguns momentos baixos. Já o Coiso esteve mais constante. Cá para nós que ninguém nos ouve, fez uma campanha eleitoral que foi uma boa merda.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Para quem diz que o problema português foi apenas o resultado de um mau governo e de más opções, espero que daqui a um ou dois anos, depois de se terem livrado do "animal feroz", não nos venham dizer que a situação europeia e internacional nos impede a obtenção de melhores resultados, em especial no que diz respeito ao emagrecimento do Estado e do sector público empresarial.»

 

Eu: «Lembras-te qual foi o político que em 2005 prometeu pôr Portugal a crescer 3 por cento ao ano, criar 150 mil postos de trabalho e aumentar a convergência entre o nível de vida português e a média europeia?»