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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 01.06.21

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Ana Lima: «Os provérbios populares, como "Mortos à cova, vivos à fogaça" correm, hoje em dia, graves riscos de se tornarem obsoletos.  A ideia de prolongar a vida, no mundo virtual, para lá da morte parece que está a ganhar adeptos. Parece-me concorrência desleal ao espiritismo. Basta um computador com acesso à internet para que mortos e vivos possam encontrar-se agora num limbo onde os que já estiveram vivos podem, por exemplo, divulgar segredos a todos os que continuam vivos, sem que tal acto os possa prejudicar. Em termos pessoais e familiares isso pode ter consequências complicadas.»

 

Fernando Sousa: «Os soldados amontoaram a papelada no fundo da escarpa. A coisa durou uma meia hora. Eram caixas e caixas de processos individuais, com nomes, datas, acções, condecorações, lotes de meias-vidas do então chamado recrutamento provincial – dos nascidos e crescidos em Moçambique, quer dizer, pretos na esmagadora maioria.»

 

João Campos: «Houve um momento da minha infância - não sei precisar quanto tempo durou - em que dizia querer ser, quando fosse grande, maquinista de comboios. Gostava de comboios, nada a fazer. Foram muitas as viagens até Beja (ainda sou do tempo em que os comboios chegavam a Beja, vejam bem) e até ao Algarve nas velhinhas automotoras. É certo que, durante a infância, momentos houve em que outras opções profissionais também se afiguravam fascinantes, como a paleontologia (obrigado, Spielberg), mas olhando hoje para trás, a mais viável teria sido mesmo a carreira de maquinista.»

 

João Carvalho: «João Galamba pode até saber bué sobre subidas e descidas da famigerada Taxa Social Única, mas é duvidoso que saiba do que fala com tamanho entusiasmo quando se refere ao que o chefe não contou nem à almofada. O risco, como está bom de ver, é o próprio Galamba entrar em queda mesmo que a TSU oscile pouquinho.»

 

José António Abreu: «Há um óptimo motivo para que os bancos portugueses não tenham cometido os exageros que os bancos americanos, islandeses e irlandeses cometeram – através das obras públicas, das PPP e de algumas opções «de futuro» (a política energética e os investimentos a ela associados, por exemplo), o nosso governo garantiu-lhes sempre uma excelente rentabilidade. Chato é pensar que se o Estado tiver mesmo de reestruturar a dívida pública, deixando de pagar vinte ou trinta ou cinquenta por cento desta (ou pagando-os muito mais tarde), os bancos nacionais, atulhados dela, entrarão em colapso na mesma.»

 

José Reis Santos: «Infelizmente vivemos ainda, em Portugal, num caldo político que entende de forma esquizofrénica o nosso sistema eleitoral e constitucional. É que, em teoria, deveríamos estar confortáveis com coligações, mas na prática estas só acontecem à direita, o que é uma natural deturpação das intenções originais dos nossos ‘Pais Fundadores’.»

 

Luís M. Jorge: «Preferiria vestir calças vermelhas e calçar sapatos com berloques a eleger Paulo Portas. A demagogia deve ser limitada pelo pudor, o pudor deve subordinar-se a princípios e os princípios não são uma merda que um tipo enrole ao pescoço para exibir com aisance entre retratos de peixeiras e coquetéis no Estoril. A direita que tenha juízo.»

 

Rui Rocha: «A divulgação do compromisso assumido pelo Governo de aprovar uma redução substancial (major reduction) da TSU e de, se for necessário, adoptar medidas adicionais de austeridade, confirma  que Sócrates é um mentiroso. Mas, mais do que isso, demonstra que o líder do PS está cada vez mais coxo.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Pedro Magalhães escreveu. A Fundação Francisco Manuel dos Santos publicou. Eu tive o trabalho de ir comprá-lo à banca dos jornais e depois o prazer de lê-lo.»