DELITO há dez anos
José António Abreu: «Quantas destas pessoas que vejo na televisão a entregar, imbuídas de genuína e louvável boa vontade, pacotes de bolachas e de cereais aos voluntários do Banco Alimentar fogem aos impostos sempre que podem? Por exemplo: quantas aceitam não pagar IVA ao contratar serviços ou não o cobrar, ao prestá-los? Sendo certo que uma coisa não substitui a outra, quantas percebem o conceito de caridade mas não o de responsabilidade?»
Rui Rocha: «Nestas eleições são raríssimas as pessoas que manifestam intenção de votar em José Sócrates. Ou seja, as intenções de voto reveladas estão muito longe dos trinta e tal por cento. Isto é, ao contrário do que costuma acontecer, esta minha amostra pessoal apresenta resultados claramente contraditórios com os que vão sendo divulgados nas sondagens oficiais. Ou então, o voto em Sócrates tornou-se uma decisão eleitoral envergonhada que nem aos familiares, amigos e colegas se confessa.»
Teresa Ribeiro: «Quando se torna claro que a salvação do país depende de uma revolução de costumes que inclui também uma nova forma de estar na política, oferecer ao eleitorado o folclore regulamentar é frustrar legítimas expectativas. Admiram-se que as sondagens não descolem do imobilismo na intenção de voto quando tudo o que os partidos têm para oferecer aos indecisos decisivos é mais do mesmo?»