DELITO há dez anos

Adolfo Mesquita Nunes: «Sem explicação, porque não há explicação que resista, ano após ano, país após país, douze points após douze points, me deixo levar; agora na convicção de que a improvável, quase impossível vitória, neste ou outro ano, chegará mais rápido que a superação dos principais problemas do país.»
João Marchante: «Portugal precisa de fazer um cinema com uma linguagem autêntica, que corresponda de facto ao modo de pensar e sentir dos portugueses. O teste parece-me fácil: se o público gostar é porque os filmes são genuínos. Este tornou-se, aliás, o principal problema; as pessoas andam zangadas com os filmes portugueses. Como às vezes sucede na vida, até se zangam com o que desconhecem; mas, cheira-lhes que nem vale a pena espreitar. E — atente-se —, o povo é sábio nos seus instintos, por mais ignorante que possa parecer e — hoje, infelizmente — ser.»
Luís M. Jorge: «Ricardo Salgado quer a ajuda externa. O primeiro-ministro não quer a ajuda externa. Naturalmente, o primeiro-ministro acabará por obedecer.»
Rui Rocha: «Sócrates, protótipo do homem-light, juntou à sua insustentável leveza a circunstância do poder. E isso converteu-o num very-light. Um foguete que sinaliza um percurso feito na contramão da realidade, indiferente à noção de limite. Infelizmente, foi precisamente no limite que, na realidade, a sua pesada herança nos deixou.»
Sérgio de Almeida Correia: «Pelas palavras que tão depressa profere como pelas que não profere e pelas escolhas que faz, o Presidente da República é o coveiro-mor do regime. Os outros, os que aí andam, a começar pelo rei da poncha, não passam de aprendizes.»
Eu: «O grau de cumplicidade com um ditador “amigo” devia ter limites, ditados pela óbvia evidência dos factos. Isto não sucede no Avante! nem no PCP. Mas que outra coisa seria de esperar de um partido que apoiou o infame pacto assinado entre a Alemanha de Hitler e a URSS de Estaline, a construção do muro de Berlim e as invasões imperialistas de países soberanos como a Hungria e a Checoslováquia pelos blindados “internacionalistas” da União Soviética?»
