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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 09.03.21

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João Carvalho: «A cerimónia de tomada de posse do Presidente da República está por momentos. Na SIC-N, os repórteres em directo esfalfam-se a "encher pneus" e a asneirar. Sempre que está perto de Jaime Gama, Adelina Sá Carvalho, secretária-geral da Assembleia da República há vários anos, é repetidamente apontada como "mulher do presidente da Assembleia da República" e "esposa (esposa!) do presidente da Assembleia da República". A SIC já teve melhores jornalistas a cobrir cerimónias importantes. E melhores auriculares também. Ou gente mais atenta do outro lado dos auriculares.»

 

Luís Bonifácio: «A verdadeira crise que vivemos não é a dívida pública, nem a privada, nem a taxa de juro, muito menos a taxa de desemprego. Os Portugueses sentem-se em crise e estão deprimidos e sem ponta de ânimo, pois por mais que dêem voltas à cabeça não conseguem, pela primeira vez na História, vislumbrar um novo “Outro que nos venha salvar”.»

 

Paulo Gorjão: «Confesso que me interessa muito pouco o que disse hoje Aníbal Cavaco Silva na tomada de posse. O Presidente da República passou cinco anos a fazer discursos. Palavras, leva-as o vento. O que quero ver é a magistratura activa na prática. Depois falamos.»

 

Rui Rocha: «O discurso de posse de Cavaco Silva tem um contexto. O de um país gravemente doente, preso numa espiral de deterioração das contas públicas e numa expectativa de crescimento anémico ou negativo. Perante este cenário, o Presidente da República foi claro no diagnóstico, vago no tratamento proposto e omisso quanto à convalescença. É pois a partir do único ponto em que Cavaco Silva não deixou margem para dúvidas (o diagnóstico) que se pode tentar adivinhar as suas intenções relativamente aos dois pontos restantes. Ora, o diagnóstico tem uma cor de fundo e um rosto.  A cor é negra e o rosto é o de José Sócrates.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «O Presidente da República conseguiu ficar a meio caminho entre a verdade e a sinceridade, sendo sempre profundamente deselegante. Era a última coisa que os portugueses necessitavam para enfrentar os tempos difíceis que atravessamos. Um Presidente desmemoriado e azedo a trocar os papéis só pode deixar os portugueses mais inquietos. E tristes.»

 

Eu: «Cavaco Silva tomou posse, faz hoje cinco anos, com uma promessa muito concreta: estabelecer uma "cooperação estratégica" com o Governo, mantendo vigilância especial numa área para a qual tem formação específica - as finanças públicas. O primeiro desígnio tornou-o um dos protagonistas da profunda crise que o País vive, uma das mais graves de sempre - a tal ponto que o montante actual da nossa dívida externa ameaça efectivamente o que resta da nossa soberania, que o Presidente da República jurou salvaguardar. O segundo desígnio confere-lhe particulares responsabilidades: apesar da sua consabida experiência em finanças públicas, Cavaco foi incapaz de impedir o descalabro em que vivemos.»

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