DELITO há dez anos
Jansenista: «Proust dizia que os livros são como cemitérios nos quais as lápides têm inscrições que o tempo apagou (na linguagem dos comuns, são um compósito de dívidas de que não retivemos a primitiva autoria). Faute de mieux, recobri as minhas lápides com cromos coloridos e músicas que me soam bem – como se fosse um jansenista traidor, um daqueles que ainda foram a tempo de se reconciliarem com a vida.»
Paulo Gorjão: «Desta vez Pedro Santana Lopes não está a pensar fundar um novo partido, tal como aconteceu por diversas vezes na última década. Por agora regressamos ao mote da distância em relação ao partido. Boring.»
Rui Rocha: «Jorge Sampaio foi seguramente o Presidente que proferiu os discursos menos inteligíveis da história da democracia. Todavia, foi muito claro quando afirmou que há vida para além do défice. E tinha razão. Devia era ter acrescentado que viver acima das possibilidades implica, a médio prazo, uma vida com determinadas características.»
Sérgio de Almeida Correia: «A nossa democracia trouxe liberdade, mais mobilidade social, permitiu uma melhor repartição da cultura e do conhecimento, nem sempre devidamente aproveitada pelos seus destinatários, mas continuou a menosprezar os que sempre viveram à rasca. E o problema não foi de parvoeira. Foi de seriedade.»
Eu: «Pedro Santana Lopes quer voltar a ser vice-presidente do PSD. Foi nisto que pensei hoje ao ler a manchete do semanário Sol: "Santana pré-anuncia saída do PSD - Sinto-me já muito distante do partido" Quando Santana ameaçou pela última vez abandonar o PSD, em 1999, Durão Barroso nomeou-o depois seu braço direito, como primeiro vice-presidente do partido. Sabemos quais foram os resultados. Espero por isso que Passos Coelho não faça o que Durão fez. Até porque, como Marx ensinou, quando a História se repete é sempre como farsa.»