DELITO há dez anos
Luís M. Jorge: «É um dever de cidadania fazer perguntas incómodas ao primeiro-ministro, mas é um insulto e uma calúnia fazer perguntas que aborreçam o senhor Presidente da República. É isso, não é?»
Pedro Quartin Graça: «Sob a capa de uma aparente defesa do rigor e controlo na prestação de contas por parte dos partidos do poder, esta nova lei, desgraçadamente promulgada pelo Presidente da República, acabou por consagrar o que mais convinha àqueles partidos e desprezar o que antes se impunha modificar no campo do tratamento não discriminatório e democrático dos partidos que não beneficiam de quaisquer subvenções públicas ou que dispõem de uma dimensão organizativa e financeira reduzidas.»
Rui Rocha: «Não votarei em Cavaco. Mas também não posso pactuar com um Manuel Alegre descabelado no que diz respeito ao negócio das acções do BPN. Porque não o vi com o mesmo frenesim relativamente a outras questões de carácter que lhe estão muito próximas. E porque não reconheço autoridade moral a quem discursa com total inconsistência sobre questões como o Estado Social ou a gestão das contas públicas. Confesso que não suporto quem tem os pobres e os desfavorecidos na boca com o único objectivo de continuar a comer.»
Sérgio de Almeida Correia: «A diferença entre mim, contribuinte, que vou pagar com os meus impostos os milhares de milhões do buraco do BPN, e o candidato Cavaco Silva, que como eu vai pagar com os seus impostos os milhares de milhões do buraco do BPN, é que ele ganhou umas dezenas de milhares de euros a comprar e vender acções da SLN/BPN e a seguir nomeou Dias Loureiro para o Conselho de Estado, e a mim ninguém me perguntou se as queria comprar e vender um ano depois com os proventos, que para lhe serem pagos, a ele e a outros como ele – fora da bolsa e pelos valores que foram – nos deixaram agora, a todos, de calças na mão.»
Eu: «Ouço uma jornalista perguntar com insistência a um candidato presidencial, num debate televisivo, se numa eventual segunda volta tenciona votar no outro candidato sentado à sua frente. Curiosamente, esta pergunta só é dirigida a um deles. Alguns critérios jornalísticos são insondáveis. Ou talvez não.»