DELITO há dez anos
Ana Vidal: «Uma dica útil para quem gosta de comer e beber alarvemente, sobretudo no dia de hoje. Basta que comece 2011 com esta nova amiga, simpática, discreta e eficiente. Ainda por cima estará a fazer uma boa acção, dando guarida a uma pobre bicha solitária. Ou seja, é um 2 em 1: seja solidário e mantenha a linha.»
Laura Ramos: «Talvez possamos refundar a democracia, em vez de lhe lavrar o epitáfio. Talvez tenhamos uma oportunidade única de exigir mais da acção política e dos próprios políticos. Talvez aqueles que têm mais a dar ao país do que a receber deixem de se esconder, e de temer trocar a sua honra pela participação na coisa pública.»
Leonor Barros: «Concentremo-nos no essencial. Harmonia, tranquilidade, saúde, lucidez e preseverança para que 2011 se afirme como um ano positivo. A todos os comentadores, visitantes e aos meus companheiros de escrita, votos de um feliz e pleno Ano Novo.»
Paulo Gorjão: «O caso Ensitel para mim é muito simples. Não estamos a falar de um conflito de consumo. Isso ficou lá para trás e é secundário para o caso. O que está aqui em causa, nesta altura, é a liberdade de expressão. É a liberdade de expressão da Maria João Nogueira (MJN), mas poderia ser a sua ou a minha. E nisso, peço desculpa, mas não tem que existir qualquer tipo de hesitação. Há que lutar com unhas e dentes. A MJN já nos faz o favor de defender a sua e a nossa liberdade de expressão. Ninguém lhe paga o tempo e as chatices. O mínimo que podemos -- e devemos -- fazer é ajudar a pagar os custos judiciais.»
Rui Rocha: «Permito-me uma deambulação pelos conhecimentos elementares sobre espumantes. Para dizer que estes apresentam, basicamente, três tipos. Socorro-me do futebol para ser melhor compreendido. Se o vinho for aparentado com José Mourinho, dizemos dele ser bruto. Se for do género Guardiola, chamamos-lhe doce. Se se apresentar como o cabelo do Jorge Jesus antes de uma segunda demão de Farandol, será meio-seco. Método, dizíamos. Vamos a ele. O vinho espumante pode servir-se na vertical. Tal e qual como subiu a cápsula que resgatou os mineiros chilenos. Tal e qual como se fosse o descontrolo das contas públicas da Grécia. É o conhecido método wikileaks. Profusão de borbulhas que se perdem no ar. Também lhe pode chamar método Gonçalo M. Tavares. Mas, só se o vinho for de qualidade. Em alternativa, ponha-se o copo inclinado. Neste caso, o contacto entre o líquido e o cristal que o há-de amparar faz-se de forma menos turbulenta. Como se fosse uma derrapagem da dívida soberana portuguesa. Controlada pela intervenção do BCE no mercado. Como se fosse o descalabro do BPN. (Des)controlado por injecções de milhões.»
Sérgio de Almeida Correia: «Como dizia o criador da pantera cor-de-rosa, a vida é um estado de espírito e isso exige que saibamos encará-la em 2011, com ou sem crises, na exacta medida dos nossos sonhos, fazendo da intervenção cívica um grito ao serviço da comunidade e do Estado de direito. Sem este não há democracia, nem estado social, nem liberdade. E a cidadania acabará por definhar e fenecer. Por isso desde já declaro 2011 o ano da cidadania.»
Eu: «Desses tempos, de que falarei um dia aqui em pormenor, guardei bons contactos e até algumas amizades para a vida. Tempos em que conheci Eduardo Azevedo Soares, agora falecido aos 69 anos. Foi ministro, secretário de Estado, vice-presidente e secretário-geral do PSD, além de parlamentar. Mantive com ele diversos contactos profissionais, por vezes a propósito de assuntos muito polémicos, e nunca o vi perder uma das suas características principais, que bem o definiam: era um gentleman. Assim o recordo, na hora triste da sua partida. Precisamente por ser um atributo cada vez mais raro na sociedade portuguesa, tomada de assalto nos últimos anos por uma fornada de "animais ferozes".»