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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 05.10.20

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João Campos: «A avaliar pelas breves imagens das comemorações do centenário da república que vi há pouco na RTP em directo do Terreiro do Paço, tenho a dizer que com meia dúzia de amigos, duas grades de minis, uma garrafa de whisky e uma garrafa de vodka - um orçamento total de cerca de vinte e cinco euros, portanto - já fiz festas mais animadas cá em casa.»

 

João Carvalho: «Fala-se muito da "ética republicana", como se houvesse um catálogo de éticas à escolha de cada um, e dos "valores republicanos", coisa difusa que cada um interpreta a seu modo na ausência de valores. Não é preciso inventar. A grande qualidade da república é a persistência, aquela vontade firme de fazer o país melhor. Ao fim de um século, é caso para perguntar: então por que é que não faz?»

 

João Ferreira Dias: «A verdadeira liberdade não existe. O Homem vive inserido num mundo anterior e posterior a ele, cujas estruturas já estavam definidas e para as quais ele - individualmente - não foi nem é chamado a intervir. Dele espera-se que pelo menos seja capaz de viver com as normas sociais, que respeite o instituído, que assimile fervorosamente a maquinação social. O Homem constrói-se no caminho para si mesmo

 

Leonor Barros: «Salazar e o Rei eram convidados assíduos de lá de casa, pela hora de jantar, em tempo de vida da minha avó. O meu pai não gostava nem de um nem de outro, menos do Salazar, é certo, que arrumava a um canto ou pedia para sair, de forma a que pudéssemos ter uma refeição descansada, sem lápis azul nem a carranca austera. Acresce a isto o facto de a voz aflautada do Botas nunca ter sido do agrado de ninguém lá por casa.»

 

Paulo Gorjão: «Já nem falo do jantar porque à noite já está habituado a passar fome. Hoje, feriado, onde é que o sem-abrigo Ricardo Gonçalves foi almoçar? Será que houve por aí no éter uma alminha cristã que lhe pagou ao menos um galão e uma torradinha?»

 

Eu: «Na corte estalinista de Pyongyang, tão admirada nas páginas do Avante!, nos votos parlamentares dos comunistas portugueses e nas resoluções de recentes congressos do PCP, outros familiares do ditador acabam de receber prebendas: Kim Kyong Hu, sua irmã, foi agora igualmente promovida ao posto de general. E o marido desta, cunhado do filho do Rei-Sol, Jang Song Thaeck, ascendeu ao cargo de vice-presidente da Comissão de Defesa Nacional.»