DELITO há dez anos
Adolfo Mesquita Nunes: «Se o Presidente da República for bem sucedido, e tudo indica que o será, levando o PSD a invocar o interesse nacional, José Sócrates amarra o Presidente ao Orçamento e à estratégia governativa dos socialistas. Na verdade, se o Orçamento for aprovado, tê-lo-á sido graças à intervenção do Presidente. O que na prática equivale a dizer que o Presidente o sancionou.»
Bernardo Pires de Lima: «A candidatura de Portugal a membro não-permanente do Conselho de Segurança pode ser vista de duas perspectivas. Se atendermos à valorização das Nações Unidas por parte do PS (recordemos todo o debate nacional aquando da guerra do Iraque), este deveria ser um objectivo central da política externa do actual governo. A concorrência feroz aos dois lugares em disputa (Canadá e Alemanha, sendo este último praticamente certo) mereceria, assim, do orçamento para 2010 mais do que os 1,5 milhões de euros destinados à candidatura. Além disso, em Portugal, ninguém deu por qualquer envolvimento da sociedade neste objectivo estratégico, não existiu debate algum sobre o tema e, tampouco, o governo tem dado cavaco às oposições sobre o que tem feito.»
João Campos: «É preciso jeito para falar em público, sentido de humor e, sobretudo, muita prática; ora o nosso primeiro-ministro não possui possui qualquer vestígio de talento para falar em público; desconheço-lhe sentido de humor, pelo menos, sofisticado; e assim sendo não há prática que lhe valha. Tentou ser engraçado; conseguiu envergonhar o país no estrangeiro, uma vez mais. Way to go, man.»
João Carvalho: «O PS entrou naquela velhice decadente em que já não se disfarçam os sinais característicos. Crise internacional? Concentra-se no caso dos homossexuais. Crise nacional? Cuida do problema dos transexuais. Qualquer diagnóstico confirmará que estamos a lidar com outra crise sintomática típica: a crise de terceira idade do PS com a sua obsessão sexual impulsiva, caracterizada por um automatismo neurótico que se insere na psicologia patológica. O que não teria qualquer importância se o PS não fosse governo ou se Portugal fosse um reduto de dramas em torno da sexualidade.»
Eu: «Filmes de Verão, com Johnnny Weissmuller, Totó e Fred Astaire. Filmes de Inverno, com Giulietta Masina, Henry Fonda, Alec Guinness e Marlene Dietrich. Títulos perdidos na memória dos tempos mas recordados à simples evocação de uma cena imortal: Shirley Temple fazendo sapateado, Vasco Santana falando a uma girafa, Grace Kelly beijada por Cary Grant, Alice Faye cantando “With a Song in my Heart”, Alida Valli caminhando ao som da cítara vienense de Anton Karas. Tardes de cinema, noites de cinema. O mundo que se movia à velocidade de 24 imagens por segundo.»